Por Marla Paul
Publicado na Northwestern Now
Uma nova revisão dos sintomas neurológicos dos pacientes com COVID-19 na literatura científica atual revela que a doença representa uma ameaça global para todo o sistema nervoso, relata um estudo da Northwestern Medicine publicado na Annals of Neurology.
Cerca de metade dos pacientes hospitalizados têm manifestações neurológicas da COVID-19, que incluem dor de cabeça, tontura, diminuição do estado de alerta, dificuldade de concentração, distúrbios do olfato e paladar, convulsões, derrames, fraqueza e dor muscular.
“É importante que o público em geral e os médicos estejam cientes disso, porque uma infecção por SARS-CoV-2 pode apresentar sintomas neurológicos antes da ocorrência de febre, tosse ou problemas respiratórios”, disse o principal autor da revisão, Dr. Igor Koralnik, chefe da Northwestern Medicine em doenças neuroinfecciosas e neurologia global e professor de neurologia na Northwestern University Feinberg School of Medicine.
A revisão descreve as diferentes condições neurológicas que podem ocorrer em pacientes com COVID-19 e como diagnosticá-las, bem como mecanismos patogênicos prováveis.
“Esse entendimento é fundamental para direcionar o manejo clínico e o tratamento clínico apropriados”, afirmou Koralnik.
A doença pode afetar todo o sistema nervoso, incluindo o cérebro, medula espinhal e nervos, bem como os músculos. Existem várias maneiras pelas quais a COVID-19 pode causar disfunção neurológica, disse ele. Como essa doença pode afetar múltiplos órgãos (pulmão, rim, coração), o cérebro também pode sofrer de falta de oxigenação ou distúrbios de coagulação, que podem levar a derrames isquêmicos ou hemorrágicos. Além disso, o vírus pode causar infecção direta no cérebro e nas meninges. A reação do sistema imunológico à infecção pode causar inflamação e danificar o cérebro e os nervos.
Koralnik e seus colegas formaram a equipe de pesquisa Neuro-COVID e iniciaram uma análise retrospectiva de todos os pacientes internados com COVID-19 na Northwestern Medicine para determinar a frequência e o tipo de complicações neurológicas, bem como a resposta ao tratamento.
Como o conhecimento sobre o resultado a longo prazo das manifestações neurológicas da COVID-19 é limitado, Koralnik também acompanhará alguns desses pacientes prospectivamente em seu novo ambulatório para determinar se os problemas neurológicos são temporários ou permanentes. “Esses estudos fornecerão a base sobre como diagnosticar, gerenciar e tratar as muitas manifestações neurológicas da COVID-19”, disse o pesquisador.