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Dentro de múmia de um gato egípcio, arqueólogos encontram restos de 3 gatos

Por Yasemin Saplakoglu
Publicado na
Live Science

Um escaneamento de uma múmia de gato revelaram que o felino de 2.500 anos de idade jazendo dentro dos invólucros não era um único animal. Em vez disso, a múmia continha restos mortais de três gatos, de acordo com novas descobertas.

As múmias de gatos do Antigo Egito não são incomuns, e os arqueólogos já haviam encontrado dezenas de múmias de gatos enterradas. No Antigo Egito, os animais de estimação eram comumente enterrados com seus donos. O desejo de preservar os animais como forma de oferenda aos deuses levou ao estabelecimento de uma “indústria” dedicada a atividade com a mumificação de mais de 70 milhões de animais, de acordo com um relatório anterior da Live Science.

Um grupo de pesquisadores analisou recentemente a múmia do gato egípcio de 2.500 anos que fazia parte de uma coleção do Museu de Belas Artes de Rennes, na França. Os cientistas realizaram uma tomografia computadorizada (TC) – um tipo de raio-X – para iluminar o que estava dentro da múmia sem pesquisar remover os invólucros, e então eles criaram impressões em 3D e reconstruções transparentes em 3D da múmia.

Os escaneamentos revelaram que essa múmia antiga estava cheia de surpresas. Em vez da cabeça do gato, a múmia tinha uma bola de tecido. Também faltava um crânio, vértebras e costelas e, em vez disso, continha cinco ossos da perna de três gatos diferentes, de acordo com um comunicado do Instituto Nacional de Arqueologia (Institut National de Recherches Archéologiques Préventives – Inrap) na França. Os ossos foram decompostos e crivados de buracos feitos por insetos que se alimentam de cadáveres, disse Théophane Nicolas, pesquisador do Inrap que fazia parte do projeto.

O grupo criou essa versão em realidade aumentada da múmia do gato de Rennes ao projetar a reconstrução digital de seu interior em um modelo. Créditos: IRISA / INSA Rennes.

“As múmias de gatos foram encontradas em grandes quantidades, às vezes em estados extremamente degradados e reduzidas a uma pilha de ossos”, disse Nicolas ao Live Science.

“Mas às vezes o que você vê do lado de fora não é o que você vê por dentro”, ele disse. Enquanto algumas múmias de animais estão completas, outras estão vazias ou possuem apenas fragmentos de ossos de animais.

Além disso, como as múmias maiores preservadas para servir de oferendas aos deuses eram vendidas por mais dinheiro, muitas delas eram feitas para parecer maiores que os próprios animais, e algumas nem continham restos de animais. Em vez disso, eles foram preenchidos com material orgânico, como couro e cascalho, de acordo com uma notícia anterior da Live Science.

Não está claro por que a múmia de Rennes mantinha os restos parciais de três gatos diferentes, mas alguns pesquisadores acreditam que isso tratava de um “golpe antigo organizado por sacerdotes sem vergonha na cara”, disse Nicolas no comunicado. Os sacerdotes poderiam “recorrer a preparações das múmias menos elaboradas, que seriam impossíveis de serem detectadas à primeira visita” para rituais que “gradualmente ficam no formato de uma gato aparentando uma realidade diferente do conteúdo real”, disse ele à Live Science.

Mas Nicolas e sua equipe não acham que isso seja necessariamente verdade. “Acreditamos, pelo contrário, que existem inúmeras maneiras de fazer múmias de animais”, declarou.

O grupo de cientistas projetou a reconstrução tridimensional interna em um modelo impresso em 3D da múmia. O objetivo foi exibido no mês passado na Suécia no evento European Heritage Days 2019 e estará em exibição para as pessoas verem no Museu de Belas Artes da França.

A versão impressa em 3D da múmia do gato é transparente, para que os visitantes possam ver uma réplica os que pesquisadores encontraram dentro da múmia, isto é, um monte de tecido e vários ossos de diferentes gatos. Crédito: MBAR.
Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.