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Depois de 140 anos, biólogos ‘ressuscitaram’ o gênero dessas estranhas células amarelas

Por Jacinta Bowler
Publicado na ScienceAlert

Nas profundezas dos tecidos das anêmonas-do-mar, corais e águas-vivas estão estranhas células amarelas que são geneticamente distintas dos animais marinhos.

Mais de um século depois que essas células foram atribuídas pela primeira vez a um gênero agora esquecido, um novo estudo ressuscitou o nome e descreveu seis novas espécies de todo o mundo.

“Como nossa equipe compreende cientistas de sete países, fomos capazes de coletar todas essas amostras, e algumas durante a pandemia global”, disse o principal autor do estudo, o biólogo Todd LaJeunesse, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

“Este estudo destaca como o espírito de descoberta científica une as pessoas, mesmo em tempos de dificuldade”.

Descritas pela primeira vez em 1881, as coisas amarelas foram originalmente classificadas no gênero Zooxanthella pelo cientista Karl Brandt. Brandt também cunhou o termo zooxantela, que é usado coloquialmente até hoje.

No entanto, outro cientista – um escocês chamado Patrick Geddes – estava investigando essas células amarelas ao mesmo tempo. Em 1882, sem ter visto o trabalho de Brandt, Geddes descobriu que não apenas as células estavam separadas dos animais em que estavam (algo que Brandt também havia estabelecido), mas que eram benéficas, agindo como simbiontes mutualistas.

O gênero que Geddes estabeleceu para categorizar essas células foi Philozoon, das palavras gregas para ‘amar como um amigo’ e ‘animal’. Infelizmente, Brandt veio primeiro, então o gênero Philozoon nunca foi usado; Geddes passou a trabalhar com planejamento urbano, e o gênero recém-nomeado foi em grande parte esquecido.

Agora estamos bem cientes de que esses microrganismos estranhos nos quais Geddes e Brandt estudaram naquela época são dinoflagelados fotossintéticos – algas unicelulares encontradas em simbiose com outras formas de vida marinha, como os corais – pertencentes à família Symbiodiniaceae.

No novo estudo, os pesquisadores examinaram mais de perto essas células amarelas, usando dados genéticos, geográficos e morfológicos para analisar onde exatamente elas deveriam estar na árvore genética.

E depois de determinar que essas criaturas precisam ser colocadas em um novo gênero, a equipe retirou o gênero Philozoon da aposentadoria para duas espécies antigas e seis novas.

“Nós emendamos o gênero Philozoon de Geddes e duas de suas espécies, P. medusarumP. actiniarum, e descrevemos seis novas espécies”, escreveu a equipe em seu estudo.

“Cada espécie simbionte exibe alta fidelidade de hospedeiro para determinadas espécies de anêmona-do-mar, coral mole, coral rochoso e uma água-viva da ordem Rhizostomeae“.

A equipe escreveu que Philozoon são encontrados em habitats marinhos rasos e temperados ao redor do mundo, incluindo o Mar Mediterrâneo, leste da Austrália, Nova Zelândia e Chile.

“Uma vez que a maioria das algas da família Symbiodiniaceae foram consideradas principalmente tropicais, onde são críticas para a formação de recifes de coral, encontrar e descrever essas novas espécies em águas frias destaca a capacidade dessas simbioses de evoluir e viver sob uma ampla variedade de condições ambientais”, explicou LaJeunesse.

“A vida encontra uma maneira de persistir e proliferar”.

A pesquisa foi publicada no European Journal of Phycology.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.