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Dinossauro gigante com ‘dentes de tubarão’ é descoberto no Uzbequistão

Por Laura Geggel
Publicado na Live Science

Há cerca de 90 milhões de anos, um gigantesco superpredador – um dinossauro carnívoro com dentes serrilhados de tubarão – rondava por onde hoje é o Uzbequistão, de acordo com um novo estudo da mandíbula do gigante.

A fera de 9 metros de comprimento pesava 1.000 kg, tornando-se mais comprida que um elefante-africano e mais pesada que um bisão. Os pesquisadores o chamaram de Ulughbegsaurus uzbekistanensis, em homenagem a Ulugh Beg, um astrônomo, matemático e sultão do século 15 que também viveu na região do atual Uzbequistão.

O que pegou os cientistas de surpresa foi que o dinossauro era muito maior – duas vezes o comprimento e mais de cinco vezes mais pesado – do que o superpredador anteriormente conhecido de seu ecossistema: um tiranossauro, descobriram os pesquisadores.

O pedaço da mandíbula foi encontrado no deserto de Kyzyl Kum, no Uzbequistão, na década de 1980, e os pesquisadores o redescobriram em 2019 em uma coleção de um museu do Uzbequistão.

Este mapa mostra onde o fóssil do Ulughbegsaurus foi encontrado no Uzbequistão. Créditos: Tanaka et al., 2021.

A mandíbula parcial do U. uzbekistanensis é o suficiente para sugerir que o animal era um carcarodontossauro, ou um dinossauro com “dentes de tubarão”. Esses carnívoros eram primos e competidores dos tiranossauros, cuja espécie mais famosa é o Tyrannosaurus rex.

Os dois grupos de dinossauros eram bastante semelhantes, mas os carcarodontossauros eram geralmente mais delgados e de corporatura mais leve do que os pesados ​​tiranossauros, disse a copesquisadora Darla Zelenitsky, professora associada de paleobiologia da Universidade de Calgary, no Canadá.

Mesmo assim, os carcarodontossauros eram geralmente maiores do que os tiranossauros, atingindo pesos superiores a 6.000 kg. Então, há cerca de 90 milhões a 80 milhões de anos, os carcarodontossauros desapareceram e os tiranossauros aumentaram de tamanho, assumindo o controle de superpredadores na Ásia e na América do Norte.

Dois dinossauros superpredadores do final do Cretáceo: um carcarodontossauro (à esquerda) e um tiranossauro (à direita). Crédito: Darla Zelenitsky.

A nova descoberta é o primeiro dinossauro carcarodontossauro descoberto na Ásia Central, observaram os pesquisadores. Os paleontólogos já sabiam que o tiranossauro Timurlengia vivia na mesma época e lugar, mas com 4 metros de comprimento e cerca de 170 kg de peso, Timurlengia era muito menor que U. uzbekistanensis, sugerindo que U. uzbekistanensis era o superpredador naquele ecossistema, se alimentando de dinossauros com chifres, saurópodes de pescoço longo e dinossauros semelhantes a avestruzes nas redondezas, disse a equipe.

Os pesquisadores do estudo Kohei Tanaka (à esquerda) e Darla Zelenitsky (à direita). Crédito: Universidade de Calgary.

“Nossa descoberta indica que os carcarodontossauros ainda eram superpredadores dominantes na Ásia há 90 milhões de anos”, disse o pesquisador principal do estudo Kohei Tanaka, professor assistente da Faculdade de Graduação em Ciências da Vida e Ambientais da Universidade de Tsukuba, no Japão, ao Live Science por e-mail.

Uma ilustração do enorme carcarodontossauro Ulughbegsaurus com o menor tiranossauro Timurlengia. Crédito: Julius Csotonyi.

Peter Makovicky, professor de paleontologia da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, que não participou do estudo, concorda que o U. uzbekistanensis provavelmente está no topo da cadeia alimentar local. “Acho que este osso é tão grande que teria sido um dinossauro predador muito grande e muito provavelmente o superpredador em seu ecossistema”, disse Makovicky ao Live Science.

Este pedaço de mandíbula é tudo o que os paleontólogos têm do antigo dinossauro Ulughbegsaurus. Créditos: Tanaka et al., 2021.

A descoberta do U. uzbekistanensis é a última ocorrência conhecida de um carcarodontossauro e um tiranossauro vivendo juntos antes da extinção dos carcarodontossauros, disse a equipe. A equipe descobriu que o U. uzbekistanensis tem protuberâncias ósseas exclusivas acima dos dentes. No entanto, ele também tem cristas ósseas nas laterais de sua mandíbula que são semelhantes ao tiranossauro Thanatotheristes degrootorum de 79,5 milhões de anos (cujo nome significa “ceifador da morte“) que vivia onde hoje é o Canadá. Não está claro por que ambas as espécies têm essas cristas, mas talvez seja um caso de evolução convergente, quando espécies que não são intimamente relacionadas evoluem para ter características semelhantes, disse Zelenitsky.

O estudo foi publicado na revista Royal Society Open Science.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.