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É improvável que exoplanetas semelhantes à Terra sejam outro ‘pálido ponto azul’

Traduzido por Julio Batista
Original de EANA

Ao procurar mundos semelhantes à Terra em torno de outras estrelas, em vez de procurar o “pálido ponto azul” descrito por Carl Sagan, uma nova pesquisa sugere que uma busca por “pálidos pontos amarelos” secos e frios pode ter uma melhor chance de sucesso. O equilíbrio entre terra e água que ajudou a vida a florescer na Terra pode ser altamente incomum, de acordo com um estudo suíço-alemão apresentado no Congresso de Ciência Europlanet de 2022 em Granada.

Tilman Spohn e Dennis Höning estudaram como a evolução e os ciclos dos continentes e da água podem moldar o desenvolvimento de exoplanetas terrestres. Os resultados de seus modelos sugerem que os planetas têm aproximadamente 80% de probabilidade de serem cobertos principalmente por terra, com 20% de probabilidade de serem principalmente mundos oceânicos. Apenas 1% dos resultados teve uma distribuição semelhante à Terra de terra e água.

“Nós, os terráqueos, desfrutamos do equilíbrio entre as áreas terrestres e os oceanos em nosso planeta natal. É tentador supor que uma segunda Terra seria como a nossa, mas nossos resultados de modelagem sugerem que esse provavelmente não será o caso”, disse Spohn, diretor Executivo do Instituto Internacional de Ciências Espaciais em Berna, Suíça.

Os modelos numéricos da equipe sugerem que as temperaturas médias da superfície não seriam muito diferentes, com talvez uma variação de 5° Celsius, mas que a distribuição terra-oceano afetaria os climas dos planetas. Um mundo oceânico, com menos de 10% de terra, provavelmente seria úmido e quente, com um clima semelhante ao da Terra na época tropical e subtropical logo após o impacto do asteroide que causou a extinção dos dinossauros.

Os mundos continentais, com menos de 30% de oceanos, apresentariam climas mais frios, secos e severos. Desertos frios podem ocupar as partes internas das massas de terra e, em geral, eles se assemelhariam à nossa Terra em algum momento durante a última Idade do Gelo, quando extensas geleiras e mantos de gelo se desenvolveram.

Na Terra, o crescimento dos continentes pela atividade vulcânica e sua erosão pelo intemperismo são aproximadamente equilibrados. A vida baseada na fotossíntese prospera em terra, onde tem acesso direto à energia solar. Os oceanos fornecem um enorme reservatório de água que aumenta as chuvas e evita que o clima atual se torne muito seco.

“No motor das placas tectônicas da Terra, o calor interno impulsiona a atividade geológica, como terremotos, vulcões e formação de montanhas, e resulta no crescimento dos continentes. Nossos modelos numéricos de como esses ciclos interagem mostram que a Terra atual pode ser um planeta excepcional, e que o equilíbrio da massa terrestre pode ser instável ao longo de bilhões de anos. Embora todos os planetas modelados possam ser considerados habitáveis, sua fauna e flora pode ser bem diferente”, disse o professor Spohn.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.