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Eis as últimas imagens épicas tiradas pela nave espacial da NASA que colidiu com um asteroide

Traduzido por Julio Batista
Original de Issam Ahmed (AFP) para o ScienceAlert

Na mosca: Uma nave espacial da NASA atingiu na segunda-feira um asteroide a 11 milhões de quilômetros de distância para desviar sua órbita, tendo sucesso em um teste histórico da capacidade da humanidade de impedir que um objeto celeste destrua a vida na Terra.

O impactor do Double Asteroid Redirection Test (DART) atingiu seu alvo, a rocha espacial Dimorphos, às 20h14, no horário de Brasília, 10 meses após decolar da Califórnia em sua missão pioneira.

“Estamos embarcando em uma nova era, uma era na qual potencialmente temos a capacidade de nos proteger de algo como um impacto de asteroide perigoso”, disse Lori Glaze, diretora da divisão de ciência planetária da NASA.

Abaixo está a última imagem completa capturada pela câmera a bordo do DART.

A penúltima e última imagem completa do asteroide e pequena lua Dimorphos, tirada 2 segundos antes do impacto. A imagem mostra um pedaço do asteroide com 31 metros de diâmetro. (Créditos: NASA/Johns Hopkins APL)

Dimorphos – um asteroide de 160 metros aproximadamente comparável em tamanho a uma pirâmide egípcia – orbita um irmão mais velho de 800 metros chamado Didymos. Nunca vista antes, a pequena lua apareceu como um ponto de luz cerca de uma hora antes da colisão.

Sua forma oval e superfície pontilhada de pedregulhos finalmente ficaram à vista nos últimos minutos, enquanto o DART corria em direção ao asteroide a cerca de 23.500 quilômetros por hora.

Asteroide Didymos (canto superior esquerdo) e sua lua, Dimorphos, cerca de 2,5 minutos antes do impacto da espaçonave DART da NASA. (Créditos: NASA/John Hopkins APL)

Cientistas e engenheiros da NASA começaram a gritar e aplaudir quando a tela congelou em uma imagem final, indicando que o sinal havia sido perdido e o impacto havia ocorrido.

Para esclarecer, o par de asteroides não representa uma ameaça ao nosso planeta, pois eles circulam o Sol a cada dois anos.

Mas a NASA considerou importante realizar o experimento antes que uma necessidade real de deflexão seja descoberta.

Ao atingir Dimorphos de frente, a NASA espera empurrá-lo para uma órbita menor, reduzindo 10 minutos do tempo necessário para cercar Didymos, que atualmente é de 11 horas e 55 minutos.

A lua do asteroide Dimorphos vista pela espaçonave DART 11 segundos antes do impacto. Esta imagem foi a última a conter Dimorphos em sua totalidade no campo de visão. (Créditos: NASA/Johns Hopkins APL)

Os telescópios terrestres – que não podem ver o sistema de asteroides diretamente, mas podem detectar uma mudança nos padrões de luz vindos dele – devem fornecer um período orbital definitivo nos próximos dias e semanas.

A prova de conceito tornou realidade o que antes só havia sido tentado na ficção científica – principalmente em filmes como Armageddon e Não Olhe Para Cima.

Esta foi a imagem final capturada pelo DART.

A última olhada do DART ao asteroide Dimorphos capturado 1 segundo antes do impacto. O impacto ocorreu durante a transmissão da imagem para a Terra, resultando em uma imagem parcial. (Créditos: NASA/Johns Hopkins APL)

Comunidade de astronomia animadíssima

Minutos após o impacto, um satélite do tamanho de uma torradeira chamado LICIACube, que já se separou do DART há algumas semanas, estava programado para passar perto do local para capturar imagens da colisão e do material ejetado – a rocha pulverizada lançada pelo impacto.

As fotos do LICIACube serão enviadas nas próximas semanas e meses.

Também assistindo ao evento: uma série de telescópios, tanto na Terra quanto no espaço – incluindo o recentemente operacional James Webb – que pode ser capaz de ver uma nuvem de poeira brilhante.

A missão deixou na comunidade global de astronomia muito animada, com a participação de mais de três dúzias de telescópios terrestres, incluindo óptico, rádio e radar.

“Há muitos deles, e é incrivelmente emocionante ter perdido a conta”, disse a astrônoma planetária da missão DART, Christina Thomas.

Finalmente, uma imagem completa da aparência do sistema será revelada quando uma missão da Agência Espacial Europeia, quatro anos depois, chamada Hera, chegar para pesquisar a superfície de Dimorphos e medir sua massa, que os cientistas atualmente só podem estimar.

‘Terráqueos podem dormir melhor’

Muito poucos dos bilhões de asteroides e cometas em nosso Sistema Solar são considerados potencialmente perigosos para o nosso planeta, e nenhum é esperado nos próximos cem anos ou mais.

Mas espere bastante e acontecerá inevitavelmente.

Sabemos disso pelo registro geológico – por exemplo, o asteroide de Chicxulub, com 10 quilômetros de largura, atingiu a Terra há 66 milhões de anos, mergulhando o mundo em um longo inverno que levou à extinção em massa dos dinossauros, juntamente com 75% de todas as espécies.

Um asteroide do tamanho de Dimorphos, por outro lado, causaria apenas um impacto regional, como devastar uma cidade, embora com maior força do que qualquer bomba nuclear da história.

A quantidade de impulso que o DART transmite ao Dimorphos dependerá se o asteroide é rocha sólida ou mais como uma pilha de pedregulhos ligados pela gravidade mútua – uma propriedade que ainda não é conhecida.

Se estiver errada, a NASA teria outra chance em dois anos, com a espaçonave contendo apenas combustível suficiente para outra passagem.

Mas seu sucesso marca o primeiro passo em direção a um mundo capaz de se defender de uma futura ameaça existencial.

“Acho que os terráqueos podem dormir melhor. Definitivamente, eu vou”, disse a engenheira de sistemas de missão do DART, Elena Adams.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.