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Esta área cerebral tem uma função especial no estado de consciência

Por María Marín
Publicado no Servicio de Información y Noticias Científicas

Durante anos, os especialistas em neurociência têm se perguntado em que parte do cérebro emerge a consciência, ou seja, a capacidade de experimentar sensações internas e externas. Agora, um novo estudo publicado na revista Neuron indica que uma área específica do cérebro – o tálamo lateral central – parece desempenhar um papel fundamental.

Estudos anteriores, incluindo alguns em humanos, sugeriram que certas áreas, como o córtex parietal e o tálamo, estavam envolvidas nessa capacidade e destacaram a comunicação entre elas. “Decidimos ir além da abordagem clássica, que estudava a atividade em uma área de cada vez”, diz Yuri Saalmann, professor da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) e principal autor. “Gravamos várias áreas ao mesmo tempo para ver como toda a rede se comportava”, acrescenta.

De acordo com os autores, o córtex cerebral possui seis camadas que desempenham diferentes papéis no processamento e na comunicação neuronais. “Utilizamos sondas laminares que podem cobrir as camadas corticais e gravamos todas elas simultaneamente”, explica Michele Redinbaugh, estudante de pós-graduação do departamento de psicologia da instituição norte-americana e autora do trabalho, ao SINC.

Dessa maneira, eles conseguiram destacar as partes do cérebro que eram importantes e as vias de comunicação das camadas que estavam mais ligadas à consciência. Eles também descartaram outras áreas que anteriormente estavam relacionadas a ela.

Animais despertos da anestesia

Para realizar a pesquisa, os cientistas utilizaram chimpanzés como modelo animal e os estudaram acordados, adormecidos e anestesiados. Eles estimularam o tálamo lateral central, localizado no centro do cérebro anterior (prosencéfalo), com eletrodos menores do que o habitual, desenvolvidos especificamente para esse teste.

“Nossos eletrodos têm um design muito diferente”, diz Saalmann. “Eles estão muito mais adaptados à forma do cérebro que queremos estimular. Eles também imitam com mais detalhes a atividade elétrica que um sistema normal e saudável possui”, esclarece.

Estimular essa área foi suficiente para despertar os animais anestesiados e causar um comportamento normal de vigília. “Quando estimulávamos essa área, podíamos acordar os animais e restabelecer toda a atividade neuronal que eles normalmente teriam no córtex cerebral durante a vigília”, diz Saalmann. “Eles agiram como se estivessem acordados e, quando desconectamos a estimulação, os animais voltaram a ficar inconscientes”, disse ele.

Abordando os distúrbios de consciência

Para verificar o estado de vigília, foi examinada sua resposta neuronal à estimulação auditiva, que consistia em ativar uma série de sinais sonoros intercalados com outros sons aleatórios. Os animais responderam da mesma maneira que os animais acordados.

“A principal motivação desta pesquisa é ajudar as pessoas com distúrbios de consciência a viverem melhor”, diz Redinbaugh. O objetivo do estudo é entender os mecanismos mínimos do estado de consciência para direcionar clinicamente a parte correta do cérebro.

“É possível que possamos utilizar esse tipo de eletrodo de estimulação cerebral para tirar as pessoas do coma. Nossas descobertas também podem ser úteis para o desenvolvimento de novas maneiras de monitorar pacientes sob anestesia clínica para assegurarmos de que eles estejam inconscientes de maneira segura”, explica ele.

Referência

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.