Por David Nield
Publicado na ScienceAlert
O que você está vendo nesta imagem maravilhosa do Very Large Telescope (VLT), no Chile, é algo que nunca foi observado em nenhum outro lugar: uma nebulosa planetária composta por duas estrelas estritamente ligadas e orbitadas por uma terceira estrela externa.
Essa terceira estrela não tinha sido identificada mesmo após séculos da descoberta da própria nebulosa, conhecida como NGC 246 – às vezes, chamada de Nebulosa do Crânio ou Nebulosa Pac Man, por causa das formas criadas por suas estrelas e dos gases girando em torno delas.
Nenhuma outra nebulosa vista por nossos telescópios tem tal configuração. Esses fenômenos celestiais normalmente se formam em torno de uma ou duas estrelas centrais, à medida que expelem suas camadas externas no final de suas vidas.
Aqui temos uma estrela anã branca e uma estrela anã vermelha fraca (que você não consegue ver nesta foto), orbitando uma a outra e, então, uma terceira estrela orbitando as outras duas. A terceira estrela está cerca de quatro vezes mais distante do que as outras duas estrelas estão uma da outra, ou cerca de 1.900 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
Sendo mais técnico, é um sistema estelar triplo hierárquico. Nenhuma outra nebulosa planetária que conhecemos demonstra o mesmo fenômeno. Identificamos cerca de 1.800 dessas nebulosas planetárias, mas acredita-se que existam milhares mais por aí.
O gás luminoso nas nebulosas pode assumir todos os tipos de formas estranhas e maravilhosas e aparecer ao redor de estrelas como o nosso Sol. Um dia, de acordo com os modelos teóricos, a massa no centro de nosso próprio Sistema Solar poderá apresentar um semelhante show de luzes.
NGC 246 fica na constelação de Cetus – às vezes, conhecida como Baleia -, a cerca de 1.600 anos-luz de distância da Terra. Esta é uma imagem totalmente nova da constelação, capturando comprimentos de onda de luz associados ao hidrogênio (as partes vermelhas da imagem) e oxigênio (as partes azuis claras da imagem).
Imagens semelhantes ajudam os astrônomos a compreender melhor as estrelas – especialmente, sua composição e evolução. Nesse caso, o instrumento FORS 2 foi usado – uma junção de um redutor focal e de um espectrógrafo de baixa dispersão -, acoplado ao VLT e ele produziu uma imagem impressionante e incrível.