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Este fóssil minúsculo de 120 milhões de anos tem um crânio tipo T. Rex em um corpo de pássaro

Por Carly Cassella
Publicado na ScienceAlert

Um minúsculo fóssil de 120 milhões de anos, descoberto no nordeste da China, não é nem pássaro nem dinossauro, mas está pousado em seu próprio ramo evolucionário, em algum lugar entre os dois.

Embora o crânio de 2 centímetros de comprimento deste pequenino tenha semelhanças com dinossauros muito maiores como o Tyrannosaurus rex, seu corpo fino e delicado se parece mais com pássaros modernos do grupo coroa, como pardais ou colibris.

Tomografias cuidadosas e uma reconstrução detalhada do fóssil sugerem que esta espécie aviária bizarra pertenceu a um grupo extinto de ancestrais de pássaros chamados enantiornithines, ou “opostos às aves”.

Alguns outros enantiornithines descobertos não são maiores do que uma barata. Este novo é um pouco maior e caberia na palma da sua mão. Apesar de seu tamanhinho, essas criaturas aladas com garras estavam entre o grupo mais abundante e diverso de ancestrais de pássaros que viviam na época.

Embora os enantiornithines não tenham sobrevivido ao evento de extinção em massa do Mesozoico, muitos de seus traços ainda são vistos hoje e são considerados um importante passo evolutivo no caminho para os pássaros modernos.

“Ter um crânio de ‘dinossauro’ no corpo de um pássaro certamente não impediu que os enantiornithines, ou outros ancestrais de aves, tivessem grande sucesso em lugares ao redor do mundo por dezenas de milhões de anos durante o Cretáceo”, disse o paleontólogo Min Wang, do Academia Chinesa de Ciências.

A cabecinha desse ancestral pássaro é particularmente única e preservada de forma excelente. Ao contrário dos pássaros modernos, cujas mandíbulas superiores se movem independentemente da caixa craniana, o que é conhecido como ‘cinesia’ craniana, os ossos desse crânio recém-descoberto estão “presos” e imóveis.

Eles até mostram pontos de fixação para os músculos da mandíbula, que geralmente são encontrados em dinossauros e répteis, como lagartos e crocodilos.

Reconstrução digital do esqueleto fossilizado da ave do Mesozoico. Crédito: Min Wang.

Um osso em particular, conhecido como pterigoide, era “exatamente igual ao do dromeossauro Linheraptor“, segundo Wang.

Os dinossauros Linheraptor são terópodes parecidos com pássaros, um grupo extinto de dinossauros que também inclui carnívoros como o T. rex e o Velociraptor.

Na verdade, a parte de trás do crânio desse ancestral de pássaro se parece mais com raptores do que com pássaros vivos.

Isso sugere que os primeiros pássaros podem ter evoluído de um ramo dos dinossauros que inclui o Velociraptor com penas e o Microraptor alado.

“Em combinação com os ossos temporais ‘presos’, a diferença na estrutura do palato também aponta para a ausência de cinesia entre os ancestrais de pássaros”, disse o paleontólogo Thomas Stidham, da Academia Chinesa de Ciências.

Esse movimento do crânio, portanto, deve ter evoluído mais tarde, levando à grande diversidade de formas de crânio que agora vemos entre os pássaros modernos do grupo coroa.

“Apesar de sua dispersão global e sucesso através do Cretáceo, apenas o grupo de pássaros do grupo coroa com as características derivadas do conjunto de fósseis – àquele que permitiu o desenvolvimento da cinesia craniana -, sobreviveu à extinção em massa do final do Mesozoico e prosperou desde então”, concluem os autores.

O estudo foi publicado na Nature Communications.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.