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Estes adoráveis ​​lagartos descobriram uma maneira genial de respirar debaixo d’água

Por Tessa Koumondouros
Publicado na ScienceAlert

Das águas emergimos nós, criaturas da terra. Alguns animais, como as baleias, voltaram à elas. Outros, como os sapos, nunca abandonam verdadeiramente suas origens aquosas e, mesmo agora, ainda estamos descobrindo maneiras inteligentes das criaturas terrestres encontrarem refúgio nesse meio líquido.

Caso em questão: os anolis (também conhecidos como papa-vento) que respiram ar desenvolveram um truque bacana para levar o ar com eles quando fogem para a água para escapar de predadores.

“Muitos lagartos mergulham em resposta a ameaças e alguns passam por hipóxia extrema antes de ressurgir na presença de um predador percebido”, explicou o biólogo evolutivo Chris Boccia, da Queen’s University (Canadá), e sua equipe em seu novo estudo.

Exatamente como os anolis podiam permanecer submersos por até 18 minutos, entretanto, é algo que intrigou os biólogos.

“Encontrar evidências sugerindo que os anolis aquáticos ‘respiram’ debaixo d’água foi um acaso, e não fazia parte do meu plano de pesquisa original”, disse a ecologista comportamental Lindsey Swierk da Universidade de Binghamton (EUA) a Matthew Russell para o The Rainforest Site.

“Fiquei impressionada e muito confusa sobre a duração do mergulho, o que me deu vontade de passar uns anos olhando mais de perto com uma câmera subaquática”.

Foi assim que Swierk viu bolhas de ar se formando nos pequenos focinhos brilhantes dos anolis enquanto eles estavam submersos.

A Dra. Lindsey Swierk postou esse vídeo em 2019 no Twitter com a legenda: “Uma espiada subaquática em nosso peculiar Anolis aquaticus… apenas olhem esses LÁBIOS de lagarto”.

“Os anolis semiaquáticos exalam o ar em uma bolha que se agarra à pele”, explicou Boccia. “Os lagartos, então, inspiram novamente o ar, um truque que denominamos ‘reinalação’ em homenagem à tecnologia do mergulho autônomo”.

Insetos mergulhadores, como o percevejo-do-rio (Aphelocheirus aestivalis), respiram sob a água usando bolhas de ar, e algumas aranhas até usam uma bolha abdominal para viver dentro desse líquido.

Mas a descoberta de lagartos com respiração subaquática foi inesperada, explicou a equipe, porque os vertebrados têm taxas metabólicas muito mais altas, são geralmente maiores e, portanto, têm uma área de superfície menor para a proporção do corpo, requerendo mais oxigênio.

“É fácil imaginar a vantagem que esses anolis pequenos e lentos ganham ao se esconder de seus predadores debaixo d’água – eles são realmente difíceis de detectar!”, disse Swierk. “Mas a verdadeira questão é como eles estão conseguindo permanecer debaixo d’água por tanto tempo”.

Escamas repelentes de água parecem manter a bolha de ar no lugar sobre as pequenas narinas desse parente da iguana. A equipe mediu os níveis de oxigênio nessas pequenas bolsas de ar portáteis e observou cair com o tempo. Isso sugere que os anolis estão de fato usando essa técnica para respirar debaixo d’água.

Os pesquisadores especulam que a bolha de ‘mergulho’ pode funcionar de várias maneiras. Pode permitir que os anolis redirecionem o ar cheio de oxigênio do “espaço morto” dentro de seus corpos, como o nariz e as cavidades da boca, para os pulmões ou da fina camada de ar que se forma em sua pele quando estão envolto em água, chamado de plastrão.

Eles também podem estar usando essa bolha para ajudá-los a expelir o excesso de dióxido de carbono, o que reduz a capacidade de alguns répteis de prender a respiração. Ou pode ser possível que os répteis usem a bolha para puxar mais oxigênio da água por meio da difusão, sugere a equipe.

Esta característica de respiração repetida e sustentada foi encontrada em cinco grupos de anolis que não estão diretamente relacionados uns com os outros, mas todos são espécies semiaquáticas – sugerindo que esse comportamento fornece uma grande vantagem de sobrevivência para esses minúsculos lagartos que ficam perto de fontes de água. No entanto, uma espécie de anolis não aquático parecia ter apenas habilidades rudimentares de respirar bolhas.

Várias espécies de anolis comem iguarias aquáticas, incluindo pequenos peixes e crustáceos, então talvez esse comportamento de respirar bolhas também ajude em suas caças.

Mais de 400 espécies de anolis de uma miríade de tamanhos e cores vivem nos trópicos do mundo. Suas características únicas incluem extensões de pele no pescoço absurdamente extravagantes, chamadas de barbelas, e as brigas de mordidas entre machos.

Agora também podemos adicionar a reinalação a seu repertório de coisas estranhas.

Esta pesquisa foi publicada na Current Biology.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.