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Estimulação Cerebral Profunda: melhorando o tratamento de desordens do movimento

Publicado na EurekAlert!

Distonia afeta mais de 500 mil pessoas por toda a Europa. Globalmente, a terceira desordem do movimento mais comum depois da Doença de Parkinson e de tremores essenciais. Em pacientes com distonia, o balanço entre conexões neurais excitatórias e inibitórias que normalmente é responsável pelo movimento normal, é perturbado. Isso resulta em pacientes experimentando movimentos involuntários, espasmos musculares e contrações; no caso de distonia cervical, sintomas afetam os músculos do pescoço.

Pela primeira vez, pesquisadores mostraram que tanto a severidade dos sintomas quanto os resultados clínicos alcançados através da Estimulação Cerebral Profunda (DBS) são diretamente ligados a um padrão cerebral específico, que é encontrado em pacientes com distonia isolada. Nestes pacientes, atividade cerebral oscilatória é melhorada na “banda teta” – atividades neurais rítmicas que ocorrem em frequências de 4 a 12 Hertz. Um total de 27 pacientes recebeu implantes de DBS bilateral como parte deste estudo. Usando tecnologias de mapeamento cerebral estereotáxico, eles foram implantados no globo pálido interno (GPi), uma região nos gânglios basais. A eficácia clínica do tratamento já é bem documentada, e sabe-se que a estimulação de GPi é capaz de reduzir a atividade neuronal exacerbada, os mecanismos envolvidos ainda não eram bem esclarecidos. Todos os pacientes estudados exibiram a relação típica entre atividade cerebral, severidade de sintomas, proximidade do alvo de estimulação ótima, e resultados clínicos.

Profª Drª Andrea Kuhn, da universidade Charité em Berlin, lidera um time de cientistas empenhados no estudo de desordens do movimento e no uso de tratamentos baseados em DBS. Até agora, a equipe dela já registrou a atividade cerebral de mais de 400 pacientes passando por tratamentos DBS, analisando os dados coletados em busca de padrões que se correlacionem com severidade de sintomas e resultados clínicos. Utilizando “LEAD-DBS”, um software inicialmente desenvolvido na Charité, os pesquisadores utilizaram esses dados para construir um mapa 3D de amplitudes oscilatórias em um cérebro virtual. Isso revelou um aumento significativo e localizado nos padrões de atividade relevantes na área do cérebro associada com os melhores resultados no tratamento de pacientes com distonia tratados com DBS.

“Nossos achados sugerem que oscilações de banda teta podem ser responsáveis por sintomas distônicos, e podem também explicar o mecanismo de ação do DBS, bem como a localização do alvo estimulatório ótimo em pacientes afetados”, explicou o Dr. Wolf-Julian Neumann.

“Nós estamos atualmente estudando os efeitos a longo prazo do DBS na atividade neuronal. Nós somos um dos poucos centros no mundo a fazê-lo, e estamos desenvolvendo um estudo separado envolvendo 15 pacientes com distonia. Nossa pesquisa só é possível devido à um inovador sistema DBS, que continua a armazenar informações sobre atividade cerebral após implantação”, explicou a Profª Andrea Kuhn.

Lucas Rosa

Lucas Rosa

Lucas Rodolfo de Oliveira Rosa é graduado em Ciências Biomédicas pela UNESP e Mestrando em Biologia Funcional e Molecular pela UNICAMP. Entusiasta pela ciência desde criança, Lucas é colaborador do Universo Racionalista e Editor-Chefe em Mural Científico (www.muralcientifico.com), sua plataforma aberta de divulgação científica nacional e internacional. Lattes http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4854743Z0