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Estresse a longo prazo prejudica a memória em pessoas saudáveis

A exposição ao estresse crônico ocorre a longo prazo em frente a experiências repetidas consideradas estressantes. O aumento da atividade do eixo hipotálamo-hipofisário desencadeia elevação na liberação do hormônio cortisol, conhecido popularmente como o hormônio do estresse. Experimentos em animais evidenciaram que o estresse apresenta efeitos negativos sobre a memória.

Dentro desse contexto, a pesquisa realizada na Southern Medical University, China, publicada na Scientific Reports analisou os efeitos do estresse a longo prazo sobre a memória e regiões do cérebro.

Foram avaliados 105 homens saudáveis que relataram estresse moderado por meio de um questionário cientificamente validado.

Os procedimentos utilizados para exame dos voluntários foram avaliação neuropsicológica e avaliação prospectiva da memória. Na tarefa em andamento, os sujeitos foram instruídos a pressionar a barra de espaço se detectassem o nome de um animal (evento-alvo) dentro das quatro palavras. Havia cinco palavras-alvo, que apareceram em intervalos de aproximadamente um minuto. Palavras que não fossem animais, como números, foram usadas como interferência. Os participantes receberam um ponto para cada resposta correta a um evento-alvo (total de cinco eventos-alvo).

Em outro teste, um relógio padrão foi colocado no canto inferior esquerdo da tela. Os indivíduos foram orientados a monitorar o tempo durante o julgamento e pressionar a barra de espaço após um minuto. A tarefa durou aproximadamente cinco minutos. Os participantes receberam um ponto para cada resposta correta após um minuto inteiro. Novamente, as pontuações variaram de zero a cinco.

Por meio de ressonância magnética, a atividade cerebral foi analisada durante testes específicos.

De modo sucinto, os resultados mostraram que pessoas submetidas ao estresse moderado apresentaram comprometimento da memória devido à prejuízos do hipocampo, mais especificamente, no giro denteado.

Levanta-se a hipótese de que o cortisol liberado em maior concentração por causa do aumento da atividade do eixo hipotálamo-hipofisário, tenha influenciado negativamente as sub-regiões do hipocampo e, consequentemente, prejudicando a memória.

Em vista disso, os pesquisadores recomendam menos estresse para a nossa rotina do dia-a-dia.

Referência

  • Chen, J., Wei, Z., Han, H. et al. An Effect of Chronic Stress on Prospective Memory via Alteration of Resting-State Hippocampal Subregion Functional Connectivity. Sci Rep 9, 19698 (2019) doi:10.1038/s41598-019-56111-9
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br