Publicado na Medical Xpress
Pesquisadores ocidentais deram um passo à frente na identificação de uma impressão digital cerebral da consciência – uma descoberta que revelará um entendimento maior do porquê de alguns pacientes, presumivelmente vegetativos, ainda estão cientes do mundo deles.
Em seu estudo histórico de 2006, o neurocientista ocidental Adrian Owen e seus colaboradores mostraram pela primeira vez que a neuroimagem funcional pode revelar frações de consciência em alguns pacientes que parecem ser inteiramente vegetativos. Essa técnica permitiu que alguns desses indivíduos comunicassem seus pensamentos e desejos ao mundo exterior.
Contudo, uma questão importante para Owen permaneceu: por que alguns pacientes se comunicam e outros não? Em um novo estudo, Owen e seus colegas da Universidade de Cambridge podem ter encontrado uma resposta.
A equipe de pesquisa internacional comparou os estados cerebrais de pacientes em estado vegetativo ou minimamente consciente com os de participantes saudáveis anestesiados com propofol, comumente utilizado para sedar pessoas que, de outra forma, são saudáveis quando fazem uma cirurgia de rotina.
“Precisamos entender mais sobre a consciência e o cérebro. E para este estudo, precisávamos identificar um estado cerebral específico associado com a consciência e, inversamente, um estado cerebral específico relacionado com a inconsciência”, disse o professor de neurociência cognitiva. “Obviamente, não conseguimos ‘controlar’ a consciência em pacientes vegetativos, mas pudemos em participantes saudáveis do estudo ao utilizarmos uma droga anestésica como o propofol”.
O papel de Western nessa colaboração internacional foi digitalizar um grupo de participantes do Robarts Research Institute da Schulich School of Medicine & Dentistry utilizando ressonância magnética funcional (fMRI), enquanto eles eram gradualmente sedados com o medicamento propofol. Os resultados foram comparados aos de um grupo de pacientes com pessoas em estado vegetativo ou minimamente consciente que havia sido digitalizado por pesquisadores de Cambridge.
“Notavelmente, observamos resultados muito semelhantes nos dois grupos de participantes digitalizados em lados opostos do Atlântico. Especificamente, a perda de consciência – devido à anestesia com propofol ou lesão cerebral – foi acompanhada por uma diversidade funcional reduzida e capacidade integrativa em redes cerebrais semelhantes, o que pode representar um marcador neurobiológico ou impressão digital cerebral da consciência”, afirmou Owen.
Simplificando, diversidade funcional e capacidade integrativa são propriedades do cérebro que revelam quanta informação está sendo trocada e integrada entre diferentes regiões cerebrais.
“Ainda é cedo, mas esses resultados estão começando a revelar como nossos cérebros geram nossa experiência consciente do mundo e o que dá errado quando a consciência falha”, disse Owen. “Esta é uma peça importante em nossa busca para entender por que alguns pacientes, presumivelmente vegetativos, estão, de fato, conscientes e cientes de tudo o que ocorre ao seu redor”.
O estudo, “Consciousness-specific dynamic interactions of brain integration and functional diversity“, foi publicado na revista Nature Communications.