Por Gabriel Carneiro
Publicado no Acendendo Velas
A origem do novo coronavírus (SARS-COV-2) vem sendo motivo de debate dentro da comunidade científica desde que os primeiros casos de COVID-19 foram relatados em Wuhan, província de Hubei, na China no final do ano passado. Atualmente, com quase três meses da existência do novo vírus, já são 184.976 casos confirmados em 159 países e 7.529 mortes em todo o mundo.
Embora muitos estudos acerca de como o novo coronavírus tenha surgido, estejam sendo feitos (ele é chamado de “novo”, porque não é o primeiro coronavírus conhecido por infectar os seres humanos, mas sim o sétimo já registrado) a definição a respeito de sua origem não está 100% esclarecida. O que se tem certeza é que não há nenhum indicio de que o vírus foi criado por manipulação genética.
Sabe-se também que o vírus estava presente em um hospedeiro animal (provavelmente em morcegos) antes de contagiar os seres humanos. Em um estudo recente publicado na Nature Medicine, (uma das principais e mais respeitadas publicações científicas do mundo) os cientistas consideram dois cenários possíveis para a maneira que a transmissão tenha ocorrido: a ideia de que o vírus sofreu mutações através de seleção natural no hospedeiro inicial (morcego) antes de ser transferido para humanos e que a seleção natural ocorreu em humanos após da transferência do vírus.
Em meio a emergência global de saúde pública que o coronavírus vem causando, é importante saber e entender detalhadamente como o vírus saiu de animais e foi parar nos seres humanos, pois assim podemos prevenir que futuros casos de contágios e consequentemente transmissões tão produtivas como está acontecendo com o SARS-COV-2 sejam evitadas.
Independente de qual for as conclusões dos próximos estudos e pesquisas, fica evidente que o processo do surgimento do novo coronavírus é absolutamente natural. Conforme o artigo divulgado na revista Nature: “se a manipulação genética tivesse sido realizada, um dos vários sistemas genéticos reversos disponíveis para os betacoronavírus provavelmente teria sido utilizado”. Em outra parte os pesquisadores deixam este ponto mais claro ainda. “Nossas análises mostram claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção de laboratório ou um vírus propositadamente manipulado”, esclarece a publicação.
Assim sendo, a teoria conspiratória de que a China tenha criado ou manipulado o vírus para que obtenha benéficos econômicos sobre outras potências mundiais e de que toda a pandemia de COVID-19 seja produto de uma guerra biológica, se mostra algo sem corroboração. E o que demonstra isso são as pesquisas acerca do próprio vírus, feitas sobre o mais rigoroso método que a ciência exige.
Referência
- Andersen, K.G., Rambaut, A., Lipkin, W.I. et al. The proximal origin of SARS-CoV-2. Nat Med (2020). https://doi.org/10.1038/s41591-020-0820-9