Por Mindy Weisberger
Publicado na Live Science
Um filhote canino que passou 18.000 anos enterrado no pergelissolo da Sibéria parece extraordinariamente adorável e natural para uma múmia liofilizada. De sua tumba congelada, o corpo do canino da Era do Gelo permaneceu em condições quase perfeitas, mantendo até as unhas em suas pequenas patas e muito pelo, até seus minúsculos cílios e delicados bigodes.
O filhote ainda tinha seus dentes de leite, sugerindo que tinha menos de 2 meses quando morreu. O corpo está tão bem preservado que sua semelhança com um lobo é claramente visível, informou recentemente o The Siberian Times.
Porém, o filhote é um lobo ou um cachorro?
Os cães são descendentes de lobos e sua linhagem pode ter se separado de seus antigos ancestrais há 40.000 anos, de acordo com uma análise de DNA. Os cientistas do Centro de Paleogenética da Universidade de Estocolmo realizaram testes genéticos nos restos do filhote siberiano, mas não conseguiram determinar se a múmia representava um cão ou um lobo, informou o Times.
A análise de DNA mostrou aos cientistas que o filhote era do sexo masculino. Eles o chamaram de “Dogor” – “amigo” na língua Yakut – embora em inglês o nome faça referência ao status incerto da múmia: cão ou outra coisa, de acordo com o Times.
Os pesquisadores descobriram o mumificado filhote durante o verão de 2018, perto do rio Indigirka, em Yakutia, na parte nordeste da Rússia. O fóssil mais antigo conhecido de um cão domesticado data de 14.700 anos atrás, embora restos de caninos semelhantes a cães sejam conhecidos de 35.000 anos atrás, de acordo com uma notícia publicada em 2017 na revista Nature. No estudo, os cientistas sugeriram que os cães divergiam geneticamente de seus ancestrais de lobo entre 36.900 e 41.500 anos atrás.
O que isso significa para o filhote siberiano? Um canino mumificado de 18.000 anos atrás pode ser um cão, um lobo ou até mesmo um animal transitório com características de ambas as espécies.
“Isso é intrigante”, disse Sergey Fedorov, pesquisador da Universidade Federal do Nordeste de Yakutsk, Rússia, e um dos cientistas que investigam o filhote. “Mal podemos esperar para obter resultados de novos testes”, disse ele ao Times.
Preservado no gelo
Nos últimos anos na Sibéria, o derretimento do pergelissolo revelou alguns exemplos surpreendentemente de animais antigos bem preservados. Em 2017, os paleontólogos descobriram uma múmia de um potro em uma cratera em Yakutia. O potro de dois meses viveu de 30.000 a 40.000 anos atrás e seu corpo estava intacto e sem danos, com a pele e os cascos. E em 2018, um homem que estava em busca de gigantescas presas descobriu a múmia de um jovem felino da Era do Gelo. Assim como o filhote recém-descoberto, a espécie do gatinho selvagem estava difícil de definir – os especialistas suspeitam que ela pode ser um leão da caverna ou um lince da Eurásia.
Então, em junho, um homem que passava por um rio em Yakutia, na Rússia, encontrou uma enorme cabeça decepada de um lobo da Era do Gelo, datado de mais de 40.000 anos atrás.
O deserto congelado da Sibéria também revelou recentemente algo mais horrível do que restos de animais antigos: uma bolsa contendo 54 mãos humanas decepadas, enterrada na neve em uma ilha fluvial e encontrada em 2018. Diferentemente das múmias da Era do Gelo, as mãos eram de origem moderna e provavelmente haviam sido descartadas ilegalmente por um laboratório forense da região, de acordo com as autoridades russas.