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Fósseis de 1,4 milhão de anos sugerem que rostos humanos modernos surgiram antes do que se pensava

Traduzido por Julio Batista
Original de Jennifer Nalewicki para o Live Science

Um antigo maxilar superior descoberto na Espanha revela as características faciais únicas de um indivíduo que pode ser o parente humano mais antigo conhecido na Europa.

Uma equipe de paleoantropólogos desenterrou o fóssil em junho em Sima del Elefante (Poço do Elefante), um sítio arqueológico nas montanhas de Atapuerca, perto da cidade de Burgos, no norte da Espanha, conhecido por seu rico registro fóssil. Acredita-se que o crânio fragmentado seja o mais antigo do tipo já encontrado na Europa e inclui parte do maxilar superior (maxila) e um dente de um hominídeo que viveu aproximadamente 1,4 milhão de anos atrás, disseram os pesquisadores em um comunicado.

O grupo de hominídeos inclui todos os membros vivos e extintos da árvore genealógica humana e dos grandes símios, incluindo humanos e nossos primeiros parentes humanos, bem como chimpanzés e gorilas, de acordo com o Museu Australiano.

Antes desta descoberta, os primeiros fósseis de hominídeos conhecidos desenterrados na Europa (encontrados em Sima del Elefante em 2008) foram datados de 1,2 milhão de anos atrás. Essa descoberta incluiu uma parte de uma mandíbula, ou o maxilar inferior, e vários fragmentos ósseos, de acordo com um estudo de 2012 publicado no British Dental Journal.

A descoberta mais recente foi uma surpresa para os pesquisadores, que não esperavam encontrar fósseis mais antigos do que os já descobertos no local.

O maxilar superior, localizado aproximadamente 2 metros mais fundo no solo argiloso do que os fósseis encontrados em 2008, foi descoberto por Édgar Téllez, estudante de doutorado no Centro Nacional de Pesquisa sobre Evolução Humana em Burgos, de acordo com El País, um jornal diário na Espanha.

Os paleoantropólogos acreditam que, semelhante ao achado fossilizado anterior, o maxilar superior exibe características que mostram o padrão evolutivo da face humana.

“Nesta maxila há também uma projeção vertical, como na mandíbula encontrada em [2008], o que pode indicar que esse rosto moderno já estava presente nessa época”, disse Téllez ao El País.

Em outras palavras, Téllez e sua equipe teorizam que o osso poderia ser de alguém que estava mais intimamente relacionado aos europeus modernos do que primatas mais parecidos com macacos, como o Homo habilis, uma espécie extinta de humanos arcaicos da África que data do Pleistoceno (2,6 milhões de anos atrás a 11.700 anos atrás).

Os pesquisadores acreditam que o fóssil pode ter vindo do Homo antecessor (latim para “homem pioneiro”), cuja posição na árvore genealógica humana é controversa, mas pode ser um primo próximo dos humanos modernos e dos neandertais, de acordo com um estudo de 1999 publicado na revista científica Journal of Human Evolution. (Os primeiros restos fossilizados do Homo antecessor foram encontrados em Atapuerca em 1994.)

John Hawks, antropólogo da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), que não estava ligado à recente escavação, disse que a nova descoberta ajuda a dar uma visão da população que inicialmente habitava essa área.

“Ainda não sabemos exatamente onde esse pedaço da mandíbula superior vai se encaixar, e será preciso muito trabalho e comparação para essa equipe determinar [isso]”, disse Hawks à Live Science.

“Mas o que quer que eles determinem, isso está ligado a um local com evidências de comportamento. E cada peça que temos que está ligada a um local com evidências de comportamento, como fazer ferramentas de pedra ou caçar, nos diz as capacidades comportamentais de nossos ancestrais e parentes. Para mim, essa é a parte importante.”

Os pesquisadores do local disseram que serão necessários estudos adicionais antes que possam determinar a idade exata do maxilar superior e se está relacionado aos outros fósseis encontrados lá.