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Fósseis misteriosos ‘de ouro’ do Jurássico não são o que parecem

Traduzido por Julio Batista
Original de Jennifer Nalewicki para a Live Science

Por muito tempo se pensou que a pirita – um mineral brilhante também conhecido como ouro-dos-tolos – era o ingrediente especial que dava aos fósseis incrustados nos Xistos de Posidonia da Alemanha seu brilho dourado. Mas agora os cientistas acham que algo mais está fazendo com que esses fósseis brilhem.

No início deste ano, uma equipe de pesquisadores internacionais visitou o local do Jurássico, conhecido por seus fósseis excepcionalmente bem preservados de animais marinhos. Eles coletaram dezenas de amostras de amonites, bivalves e crustáceos fossilizados que eram do tamanho de uma palma ou maiores.

Depois que a equipe visualizou os fósseis de aproximadamente 183 milhões de anos usando um microscópio eletrônico de varredura de alta potência, eles se esforçaram para encontrar qualquer pirita nos fósseis se misturando com o xisto negro, de acordo com um estudo publicado na edição de março de 2023 do revista Earth-Science Reviews.

“Acreditava-se há muito tempo que tudo [nos  Xistos de Posidonia] era piritizado”, disse o coautor do estudo, Rowan Martindale, professor associado do Departamento de Ciências Geológicas da Universidade do Texas (UT) em Austin, EUA, à Live Science. “Pegamos amostras que tínhamos certeza de que seriam todas pirita. E eis que havia um pouco de pirita em algumas delas, mas basicamente era tudo fosfatizado ou de calcita amarela. Foi um choque para todos nós que trabalhávamos no paper.”

Depois de analisar cerca de 70 espécimes, ficou claro que, embora o xisto ao redor dos fósseis fosse “pontilhado com aglomerados microscópicos de cristais de pirita, chamados framboides”, eram os minerais de fosfato com calcita amarela que eram a fonte do brilho dourado dos fósseis, de acordo com uma declaração.

“Os framboides parecem pequenas framboesas”, disse coautor do estudo Sinjini Sinha, candidato a doutorado na Faculdade Jackson de Geociências da UT, à Live Science. “Depois de olhar os espécimes ao microscópio, encontrei apenas alguns framboides nos próprios fósseis, mas contei de 600 a 800 no xisto ao redor”.

Saber que pirita e fosfato estão presentes em diferentes partes dos espécimes é fundamental, pois revela informações sobre o ambiente de fossilização. Por exemplo, a pirita se forma em ambientes anóxicos onde não há oxigênio presente, enquanto minerais de fosfato como a calcita amarela precisam de oxigênio para se formar, de acordo com o comunicado.

“O processo de piritização ocorre apenas em ambientes anóxicos”, disse o co-autor do estudo James Schiffbauer, professor associado de ciências geológicas da Universidade de Missouri, EUA, à Live Science. “Esses [espécimes] são encontrados em xistos escuros e negros, onde esperávamos que fosse um ambiente anóxico”.

A pesquisa revelou que, embora um fundo do mar anóxico “preparasse o cenário para a fossilização”, foi necessária uma explosão de oxigênio para causar as reações químicas necessárias para que a fossilização ocorresse. A oxigenação combinada com os minerais de fosfato ajudou a transformar os fósseis em algo que parece ouro, de acordo com o comunicado.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.