Artigo traduzido de Subaru Telescope.
Uma equipe internacional de pesquisadores liderados por Aaron Romanowsky, da San José State University, usou o Telescópio Subaru para identificar uma galáxia anã fraca sendo perturbada por uma gigante galáxia espiral vizinha. As observações fornecem uma visão valiosa de um processo passageiro mas importante na formação de galáxias.
“As regiões exteriores das galáxias gigantes como a nossa Via Láctea parece ser um amontoado de restos de centenas de galáxias menores que foram atraídas ao longo do tempo e se desfizeram”, disse Romanowsky. “Estas anãs são consideradas blocos de construção das gigantes, mas as evidências de gigantes absorvendo anãs tem sido largamente circunstanciais. Agora nós capturamos um par de galáxias num abraço mortal”.
Os dois objetos estudados são NGC 253, também chamada a Galáxia do Dólar de Prata, e a anã NGC 253-DW2, recém-descoberta. Elas estão localizadas no sul da constelação Sculptor, a uma distância de 11 milhões de anos-luz da Terra, e separadas por cerca de 160 mil anos-luz. A anã tem uma aparência alongada que é característica por estar sendo esticada pela gravidade da galáxia maior.
“A anã foi presa por sua hospedeira gigante e não vai sobreviver intacta por muito mais tempo”, disse o membro da equipe Nicolas Martin, do Observatório Strasbourg. “Na próxima vez que ela se aproximar de sua hospedeira, pode ser destruída. No entanto, a anfitriã pode sofrer alguns danos também, se a anã for forte o suficiente.”
A interação entre as duas galáxias pode resolver um mistério notável sobre NGC 253, que mostrava sinais de ser perturbada por uma anã. O perturbador nunca foi visto antes e presumia-se que estivesse perdido, mas agora a provável culpada foi encontrada. “Este parece ser um caso de ataque de uma galáxia furtiva”, disse Gustavo Morales, da Universidade de Heidelberg. “A galáxia anã mergulhou das profundezas do espaço e se camuflou na gigante, mantendo-se sem ser detectada por causa de sua extrema fraqueza”.
A descoberta de NGC 253-DW2 tem um história incomum. Tudo começou com uma imagem digital da galáxia gigante feita pelo astrofotógrafo Michael Sidonio usando um telescópio amador com 30 centímetros de diâmetro, na Austrália. Outros membros da equipe internacional, liderados por Johannes Schedler, notaram uma mancha tênue na imagem e a observaram com um telescópio amador de 80 centímetros, no Chile. A identidade do objeto ainda não estava clara, e foi observada com o Telescópio Subaru de 8 metros, no cume do Mauna Kea, Havaí, em dezembro de 2014. “Na primeira imagem, não tínhamos certeza se existia realmente uma galáxia fraca ou se era algum tipo de reflexão difusa”, disse David Martínez-Delgado, também da Universidade de Heidelberg. “Com a imagem de alta qualidade do instrumento Suprime-Cam no telescópio Subaru, agora podemos ver que a mancha é composta de estrelas individuais e é uma galáxia anã, com certeza. Esta descoberta é um exemplo maravilhoso de colaboração frutífera entre astrônomos amadores e profissionais”.
Os resultados estão no trabalho de pesquisa publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society Letters pela Oxford University Press, como “Satellite accretion in action: a tidally disrupting dwarf spheroidal around the nearby spiral galaxy NGC 253” por Romanowsky e outros, publicado online em 23 de janeiro de 2016.