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Genética tem maior influência sobre obesidade em comparação aos fatores ambientais e comportamentais

Um grupo de fatores de risco, incluindo obesidade central, resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão, descreve a síndrome metabólica.

À medida que aumenta a prevalência de síndrome metabólica em crianças e adultos jovens, uma melhor compreensão da genética subjacente à síndrome metabólica durante a infância e a adolescência fornecerá insights críticos sobre a origem da doença.

O estudo publicado na Scientific Reports, conduzido por cientistas da Alemanha, Itália e Suécia, examinou a associação entre variáveis genéticas e a síndrome metabólica em crianças europeias.

A população do estudo foi selecionada dentro de uma coorte prospectiva europeia, multicêntrica e prospectiva. A pesquisa de base incluiu uma amostra populacional de 16.229 crianças de 2 a 9,9 anos de oito países europeus (Bélgica, Chipre, Estônia, Alemanha, Hungria, Itália, Espanha e Suécia), que foram examinadas pela primeira vez em 2007/2008.

A síndrome metabólica foi considerada com base na circunferência de cintura, glicemia, colesterol HDL, triglicérides, pressão arterial sistólica e diastólica.

A análise genômica do DNA foi extraída da saliva ou de amostras de sangue.

O resultados mostraram uma forte associação entre variantes genéticas comuns e o escore longitudinal da síndrome metabólica. Foram observadas associações mais fortes no sexo masculino em comparação ao sexo feminino. Os achados sugeriram maior predisposição genética e menor influência de fatores ambientais e comportamentais na juventude.

O gene específico analisado (FTO) codifica para uma proteína nuclear da superfamília de ferro não heme e oxigenase dependente de 2-oxoglutarato, que está envolvida na modificação pós-tradução, reparo do DNA e metabolismo de ácidos graxos. O FTO, expressa principalmente no hipotálamo, desempenha papel fundamental na homeostase energética e na regulação da ingestão de alimentos. Até mesmo estudos de metilação do DNA mostraram associação com muitas condições patológicas, incluindo obesidade.

O FTO pode, portanto, desempenhar um papel na regulação metabólica, alterando a expressão gênica nos tecidos metabolicamente ativos. Embora o mecanismo exato ainda não tenha sido revelado, foi demonstrado que variantes genéticas no gene FTO estão funcionalmente ligadas a outro gene relacionado à obesidade chamado IRX3, que promove o escurecimento dos adipócitos brancos, talvez um elo de conexão entre as variantes FTO e as relacionadas à obesidade.

Desta maneira, os achados dessa pesquisa sugerem que as variáveis genéticas têm maior influência na obesidade em comparação a hábitos comportamentais.

Referência

  • Nagrani, R., Foraita, R., Gianfagna, F. et al. Common genetic variation in obesity, lipid transfer genes and risk of Metabolic Syndrome: Results from IDEFICS/I.Family study and meta-analysis. Sci Rep 10, 7189 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-64031-2
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br