Este texto é majoritariamente direcionado àqueles que acham que uma lei é apenas a evolução de uma teoria, pois possui mais comprovações que ela, e aos que confundem o conceito de “teoria”, igualando-o ao de hipótese por meio do senso comum.
Por Robert Krampf
Publicado na The Happy Scientist
Para melhor entendimento, é necessário um simples experimento, que envolva um objeto caindo.
Se você puser qualquer objeto na sua frente agora e soltá-lo, ele irá cair. A atração gravitacional entre a Terra e o objeto o coloca ao chão. Mas, quando fazemos isso, estamos falando sobre a Lei da Gravidade ou sobre a Teoria da Gravidade?
Na verdade, estamos falando sobre as duas. Mas, antes de tudo, entendamos os significados científicos das palavras lei e teoria.
Uma lei é aquilo que descreve uma afirmação analítica. Ela nos dá uma fórmula que nos fala o que irá acontecer. Por exemplo, a Lei da Gravitação Universal de Newton diz que “Todo ponto de massa atrai todo ponto de massa a partir de uma força localizada na interseção de ambos os pontos. A força é diretamente proporcional ao produto das duas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os pontos de massas.” A fórmula permitirá calcularmos a força gravitacional entre a terra e o objeto que você deixou cair, entre o Sol e Marte ou entre eu e uma bola de sorvete. Ademais, ainda teremos a capacidade de, a partir disso, determinar a aceleração com a qual um corpo cai, quanto tempo ele vai demorar, quanta energia será gasta para levantá-lo do chão, etc..
No entanto, enquanto a lei permite-nos calcular um pouco sobre o que acontece, note que ela não nos fala por que acontece. E é por isso que as teorias surgem. No conceito científico (não no do senso comum, que é bem diferente), a teoria é usada para descrever uma explicação do porquê e como as coisas acontecem. Por exemplo, podemos usar a Teoria da Relatividade Geral de Einstein para explicar o motivo das coisas caírem.
Uma teoria começa com uma ou mais hipóteses, que são ideias não-testadas sobre o porquê de algo acontecer. Por exemplo, eu posso propor uma hipótese de que um objeto que você soltou cai porque ele sofre a ação do campo magnético da Terra. Uma vez que começamos a testar isso, ão levará muito tempo para descobrir que a minha hipótese não tem tanto suporte das evidências. Objetos não-magnéticos caem à mesma taxa que objetos magnéticos. Então, por conta da falta de evidências, a hipótese não ganha o status de teoria.
Para se tornar uma teoria, uma ideia deve ser primeiramente passível de verificação e ter uma descrição acurada e preditiva sobre o mundo. Fora isso, qualquer hipótese é descartada no mundo científico, principalmente aquelas que envolvem causas sobrenaturais (por não serem verificáveis). Portanto, não adianta tentar dar credibilidade ao seu argumento falando que ele é apenas uma hipótese/teoria (no senso comum e no conceito errado).
Enquanto a lei raramente muda, as teorias mudam frequentemente à medida que uma nova evidência é descoberta. Porém, ao invés de serem descartadas devido à nova evidência, as teorias são frequentemente revisadas para serem publicadas com a nova atualização em sua explicação. A Teoria da Relatividade Geral, por exemplo, foi adaptada conforme o tempo.
Então, ao discutir a gravidade cientificamente, nós podemos falar sobre a lei que descreve a atração entre dois objetos, assim como sobre a teoria que descreve o porquê disso acontecer.