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HIV: injeções mensais podem substituir as pílulas diárias

Por Andy Coghlan
Publicado na New Scientist

Pílulas diárias podem se tornar coisa do passado para soropositivos. Foi descoberto que uma injeção de longo tempo de ação funciona tão bem quanto ou melhor que a terapia retroviral padrão na prevenção de que o vírus se recupere e volte e se tornar infeccioso.

No fim de um estudo de dois anos com 286 indivíduos soropositivos, 94% dos que haviam recebido as injeções da terapia de longa ação a cada oito semanas tinha o vírus sob controle, definido como ter menos de 50 cópias do vírus por mililitro de sangue. Uma forma mensal das injeções foi efetiva em 87% daqueles em que foi aplicada, enquanto o tratamento retroviral padrão teve uma eficácia de 84%.

Os resultados foram divulgados ontem (24/07) por Joseph Eron, da Universidade da Carolina do Norte, em uma conferência da International AIDS Society, em Paris.

“Este é um grande passo adiante,” disse Mahesh Mahalingam, do UNAIDS. “Irá ajudar a remover o desafio de tomar pílulas todos os dias e melhorar significativamente a qualidade de vida de pessoas vivendo com o HIV.”

Liberação lenta

O tratamento é uma suspensão de duas drogas antiretrovirais chamadas cabotegravir e rilpivirina. Quanto injetadas nos glúteos, as drogas se acumulam entre as fibras musculares e são lentamente absorvidas pela corrente sanguínea. “Uma única dose pode durar 48 semanas ou mais,” diz Peter Williams, da empresa farmacêutica Janssen, que ajudou a liderar o projeto.

Apenas duas pessoas desistiram de tomar as injeções. Embora algumas relataram dor no local da aplicação, quase todos os participantes ficaram satisfeitos com as injeções em comparação com tomar as pílulas, segundo Williams.

Um tratamento baseado em drogas injetáveis pode ser particularmente útil para pessoas com um estilo de vida mais caótico, ou para residentes de locais onde o estigma pode deixá-las nervosas quanto a serem vistas tomando as pílulas, diz Williams. “Falta ver quantas pessoas querem essa alternativa.”

“Para mim, isto é um passo na direção para a qual estivemos pendendo há um tempo,” diz Anthony Fauci, do Instituto Americano de Alergia e Doenças Infecciosas em Maryland. “É benéfico principalmente para pessoas que têm dificuldade em manter o tratamento com as pílulas. Desse modo, você não precisa se preocupar com alguma de suas pílulas acabarem.”

Michael Brady, médico diretor da instituição de caridade Terrence Higgins Trust, concorda. “Nós saudamos a perspectiva de uma terapia injetável, que irá aumentar a adesão ao tratamento e, para muitos, será preferível a tomar pílulas,” ele diz.

Referência

Tássio César

Tássio César

Oi. Tenho 19 anos e sou de Campina Grande, na Paraíba. Sou aficionado por biologia e (quase) tudo que ela engloba, e pretendo me formar em medicina.