O telescópio espacial Hubble mostrou outra vez que podemos contar com ele para quebrar novos recordes: ele encontrou a estrela mais distante de nós até então. A NASA anunciou que conseguiu imagens da estrela antiga, do jeito que ela era há 12.9 bilhões de anos.
A estrela se chama Earendel, que nos lembra dos personagens de J. R. R. Tolkien em Senhor dos Anéis (há um elfo chamado Eärendil na obra). A NASA explicou que o nome é um velho termo em inglês, que significa “estrela da manhã”.
Essa estrela surgiu quando o universo tinha apenas 7% da sua idade atual, ou 900 milhões de anos após o Big Bang. Isso significa que os fótons que foram coletados pelo telescópio demoraram 12.9 bilhões de anos para alcançá-lo.
A estrela mais distante conhecida até hoje
Earendel é a estrela mais distante conhecida até hoje e, assim como ocorreu com as galáxias distantes que, em sua época, bateram recordes de distância graças ao telescópio Hubble, astrofísicos aproveitaram-se do efeito de lente gravitacional para suplementar a capacidade desse enorme olho em órbita no espaço — um olho que permite a humanidade enxergar lugares longínquos do universo.
Anteriormente, fora o aglomerado de galáxias WHL0137-08 a quebrar o recorde precedente de uma estrela solitária distante. O Hubble, nesse caso, tinha conseguido observar uma época em que o universo observável tinha apenas 4 bilhões de anos.
A descoberta foi publicada num artigo na revista Nature, onde aprendemos que a Earendel foi uma estrela com pelo menos 50 vezes a massa do Sol, o que a torna também uma das maiores estrelas conhecidas até então.
No entanto, a teoria acerca da estrutura e da evolução estelar nos diz também que esse tipo de estrela não vive mais do que alguns milhões de anos. Ela certamente explodiu em uma supernova SN II há muito tempo, e deve ter deixado para trás um astro compacto, que pode ser uma estrela de nêutrons ou um buraco negro estelar.
Para nós, contudo, essa estrela ainda está bem presente, e sem dúvidas será estudada em detalhe num futuro próximo com o telescópio James-Webb.
Earendel pode ser uma estrela de tipo III?
Os dados que o telescópio James-Webb vai coletar servirão para esclarecer a natureza e as propriedades de Earendel, ainda que a lente gravitacional produzida pelo aglomerado de galáxias já nos tenha permitido estimar certos fatores, como sua temperatura, massa e raio. Ainda assim, restam algumas incertezas; Earendel pode ser, por exemplo, uma estrela dupla.
A perspectiva mais interessante seria de que nos encontramos diante uma estrela formada a partir do gás quase puro do Big Bang, que seria uma mistura de hidrogênio e hélio, quase sem mudanças oriundas da produção de núcleos mais pesados, como carbono e oxigênio, nas estrelas primordiais do universo.
Pensa-se que essas estrelas antigas são muito diferentes e massivas quando comparadas com as estrelas formadas nas galáxias bilhões de anos depois. Assim, Earendel pode se parecer com essas estrelas primitivas que consideramos pertencerem ao tipo III.
O Sol faz parte da população do tipo I. As estrelas mais velhas, com mais de 10 bilhões de anos, pouco massivas, mas longevas, que se encontram nos aglomerados globulares ou nos halos estelares das galáxias são, por sua vez, da população do tipo II.