Traduzido por Julio Batista
Original de Evan Gough para o Universe Today
O Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA lançou um vídeo de timelapse de uma hora que mostra 133 dias da vida do Sol.
O vídeo mostra a superfície caótica do Sol, onde grandes arcos de plasma se erguem acima da estrela ao longo das linhas do campo magnético. Às vezes, o plasma em arco se reconecta à estrela e outras vezes é ejetado para o espaço, criando um clima espacial perigoso.
As imagens são do Observatório de Dinâmica Solar (SDO), uma espaçonave lançada em 2010 como parte do programa Living With a Star (LWS) da NASA. Sua missão principal durou cinco anos, mas a NASA diz que o SDO deve permanecer operacional até 2030.
As imagens foram capturadas com 108 segundos de intervalo no comprimento de onda ultravioleta extremo com o Experimento de Variabilidade Ultravioleta Extrema (EVE) do SDO. O SDO está em uma órbita geossíncrona 22.000 quilômetros acima da Terra, e o Sol gira a cada 27 dias, criando uma visão em constante mudança da superfície da estrela.
Enquanto observa, o SDO analisa o interior do Sol, o campo magnético e o plasma quente na coroa solar. Também mede a irradiação que cria as ionosferas da Terra e de outros planetas.
A cada dia, o SDO captura aproximadamente 70.000 imagens, totalizando até 1,5 terabytes de dados. Essa é uma quantidade extraordinária de dados, e um paper de 2017 na Nature que compilou todos esses dados em um único repositório o descreveu como “… um dos maiores e mais ricos repositórios de dados de imagens solares disponíveis para a humanidade”.
A maior parte da astronomia está preocupada com estrelas distantes em outros sistemas solares ao longo da Via Láctea. É fácil esquecer que vivemos ao lado de uma estrela poderosa fundindo hidrogênio em hélio muito antes de qualquer vida aparecer na Terra e sobreviverá a toda a existência da Terra.
Muita coisa está acontecendo no Sol, e sua atividade afeta a Terra e tudo que vive nela. O Sol fornece uma fonte constante de energia confiável, mas também tem um aspecto perturbador, quase malévolo.
O programa LWS da NASA visa entender melhor o Sol, em parte para que possamos entender e prever o clima espacial poderoso que pode danificar satélites, redes elétricas e outras infraestruturas. O SDO desempenha um papel vital no esforço.
Um paper explicando a missão disse: “O SDO determinará como o campo magnético do Sol é gerado, estruturado e convertido em violentos eventos solares que causam o clima espacial”.
A espaçonave tem sido muito bem sucedida. Em 2020, a NASA fez um vídeo para comemorar o 10º aniversário do observatório. Destacou dez importantes observações e descobertas. O SDO observou erupções massivas, encontrou um novo tipo de onda, observou planetas enquanto eles transitavam na frente do Sol e observou a estrela destruir um cometa que chegou muito perto.
O SDO não está sozinho no estudo do Sol. O SOHO (Observatório Solar e Heliosférico) da ESA estuda o Sol desde o seu lançamento em 1995.
Em 2018, a NASA lançou a Parker Solar Probe, que se tornou o objeto feito pelo homem mais próximo do Sol. Em 2020, a ESA lançou seu Solar Orbiter, que vai tirar as imagens mais próximas do Sol e estudar as regiões polares da estrela.
O Sol é um objeto cientificamente interessante, mas também visualmente deslumbrante e algo com o qual todos podem se identificar. À medida que a nascente economia espacial de nossa civilização cresce, teremos mais satélites e outras infraestruturas – talvez na superfície da Lua – que serão vulneráveis ao violento clima espacial. Observatórios solares como o SDO nos permitem prever o clima espacial e, eventualmente, nos preparar para isso.
A maioria de nós não tem nenhum papel a desempenhar nisso, mas ainda assim podemos aproveitar os vídeos.