Este texto tem como intuito apenas apontar algumas curiosidades, sem fazer qualquer correlação direta entre os dois produtos. A única relação direta que você encontrará neste texto entre as duas plantas é estritamente em termos botânicos.
Primeiro a cerveja…
A cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais consumidas no mundo. Em sua tradicional receita, inclui três ingredientes essenciais: água, malte e lúpulo. Além disso, temos que citar o fermento, isto é, a levedura que participa do processo fundamental da produção de cerveja. Algumas receitas aceitam outros aditivos, como o açúcar.
Exceto pela obviedade da água (o que faz muita gente chamá-la de “pão líquido”), usualmente mineral, o malte e o lúpulo, em suas diversas proporções, conferem as características exclusivas de cada cerveja.
O malte é obtido a partir de processos químicos executados na cevada, cereal principal da bebida – embora existam usos do malte de trigo e da aveia, além de cereais não maltados, como milho e arroz (muito utilizados nas cervejas comerciais), garantindo a elas refrescância e leveza no sabor. O malte também pode ser tostado e torrado, conferindo sabor mais próximo do chocolate ou do café.
O lúpulo, por sua vez, é uma planta que confere o amargor característico da cerveja. Os óleos essenciais são encontrados nas flores da planta, nos quais se encontra os beta-ácidos (que possuem função de proteger a planta contra microrganismos que venham a infectá-la) e os alfa-ácidos. A intensidade do amargor varia de acordo com a concentração de iso-alfa-ácidos.
A unidade de medida adotada para mensurar o amargor é a IBU (International Bittering Units, ou Unidades Internacionais de Amargor, com uma escala que varia geralmente de 0 a 120).
Que paralelo teriam o lúpulo e a maconha?
Pouco, eu diria. Quase nenhuma relação. Ambas as plantas fazem parte da família Cannabaceae (conhecidas como canabiáceas), sendo os gêneros Humulus – lúpulo – e Cannabis – maconha.
Destas plantas é possível se retirar um óleo essencial, que contém as propriedades típicas de cada uma. Do lúpulo o amargor, da maconha as características psicoativas (não somente, como sabemos das atuais pesquisas de uso médico).
Características botânicas, geográficas e químicas
O lúpulo é uma planta perene – que se mantém o ano inteiro – que está distribuído na América do Norte (EUA e Canadá), além de algumas regiões da China. As condições climáticas favoráveis ao plantio do lúpulo envolvem um ambiente mais temperado.
Já a maconha, em suas três espécies (C. indica, C. sativa e C. ruderalis), está distribuída em partes da América (EUA, Honduras e Colômbia), além da Índia. As condições geralmente envolvem mais umidade, por ser típica de regiões montanhosas ou serranas.
Ao contrário da maconha, o lúpulo não possui características psicoativas, isto é, não induz alterações na percepção do indivíduo. Além da clássica adição à cerveja, atualmente é fonte de pesquisas sobre a produção de novos antimicrobianos, devido aos já citados beta-ácidos.
Curiosidades Extras
Um estilo de cerveja, a IPA (India Pale Ale), surgiu da adição de mais lúpulo, o que ajudaria a cerveja a suportar longas viagens de navio sem estragar (1) (2). Isso, além da característica antimicrobiana já citada, contribuiu para a produção de cervejas com de moderado a intenso amargor.
Além de conhecida como psicoativo e fonte de polêmicas históricas no entorno do seu consumo fumado, a maconha tem vários usos na culinária (1) (2), inclusive.