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Mundos distantes com ‘chuva de diamantes’ podem estar povoando o Universo, dizem cientistas

Traduzido por Julio Batista
Original de Daniel Lawler (AFP) para o ScienceAlert

Pode estar chovendo diamantes em planetas em todo o Universo, sugeriram cientistas na sexta-feira, depois de usar plástico comum para recriar a estranha precipitação que se acredita se formar nas profundezas de Urano e Netuno.

Os cientistas haviam teorizado anteriormente que pressões e temperaturas extremamente altas transformam hidrogênio e carbono em diamantes sólidos milhares de quilômetros abaixo da superfície dos gigantes do gelo.

Agora, uma nova pesquisa, publicada na Science Advances, inseriu oxigênio na mistura, descobrindo que a “chuva de diamante” pode ser mais comum do que se pensava.

Gigantes de gelo como Netuno e Urano são considerados a forma mais comum de planeta fora do nosso Sistema Solar, o que significa que a chuva de diamantes pode estar ocorrendo em todo o Universo.

Dominik Kraus, físico do laboratório de pesquisa HZDR da Alemanha e um dos autores do estudo, disse que a precipitação de diamantes é bem diferente da chuva na Terra.

Sob a superfície dos planetas acredita-se que haja um “líquido quente e denso”, onde os diamantes se formam e afundam lentamente nos núcleos rochosos, potencialmente do tamanho da Terra, a mais de 10.000 quilômetros abaixo, disse ele.

Lá, os diamantes caídos podem formar vastas camadas que abrangem “centenas de quilômetros ou até mais”, disse Kraus à AFP.

Embora esses diamantes possam não ser brilhantes e lapidados como uma “joia em um anel”, ele disse que eles foram formados por forças semelhantes às da Terra.

Com o objetivo de replicar o processo, a equipe de pesquisa encontrou a mistura necessária de carbono, hidrogênio e oxigênio em uma fonte prontamente disponível – plástico PET, que é usado para embalagens e garrafas de alimentos do dia a dia.

Kraus disse que, embora os pesquisadores tenham usado plástico PET muito limpo, “em princípio, o experimento deve funcionar com garrafas de Coca-Cola”.

A equipe então acionou um laser óptico de alta potência no plástico no Centro de Aceleração Linear de Stanford (SLAC), na Califórnia (EUA).

“Flashes de raios-X muito, muito curtos de brilho incrível” permitiram que eles observassem o processo de nanodiamantes – pequenos diamantes pequenos demais para serem vistos a olho nu – enquanto se formavam, disse Kraus.

“O oxigênio que está presente em grandes quantidades nesses planetas realmente ajuda a sugar os átomos de hidrogênio do carbono, então é realmente mais fácil para esses diamantes se formarem”, acrescentou.

Nova maneira de fazer nanodiamantes?

O experimento pode apontar para uma nova maneira de produzir nanodiamantes, que têm uma ampla e crescente gama de aplicações, incluindo produção de medicamentos, sensores médicos, cirurgia não invasiva e eletrônica quântica.

“A maneira como os nanodiamantes são feitos atualmente é pegando um monte de carbono ou diamante e explodindo-os”, disse o cientista do SLAC e co-autor do estudo, Benjamin Ofori-Okai.

“A produção a laser pode oferecer um método mais limpo e controlado para produzir nanodiamantes”, acrescentou.

A pesquisa da chuva de diamantes permanece hipotética porque pouco se sabe sobre Urano e Netuno, os planetas mais distantes do nosso Sistema Solar.

Apenas uma espaçonave – a Voyager 2 da NASA na década de 1980 – passou pelos dois gigantes de gelo, e os dados enviados de volta ainda estão sendo usados ​​em pesquisas.

Mas um grupo da NASA delineou uma potencial nova missão aos planetas, possivelmente lançada na próxima década.

“Isso seria fantástico”, disse Kraus.

Ele disse que está ansioso por mais dados – mesmo que leve uma década ou duas.