Traduzido por Julio Batista
Original de Isaac Schultz para o Gizmodo
Uma equipe de astrônomos propôs examinar a região discreta entre as estrelas hospedeiras e suas linhas de poeira para encontrar mundos habitáveis além do nosso Sistema Solar.
Existem poucos mundos potencialmente habitáveis conhecidos – planetas que residem na chamada Zona Cachinhos Dourados de seus sistemas estelares – em comparação com o número de exoplanetas conhecidos pela ciência. Mas pode haver até 300 milhões de mundos habitáveis apenas em nossa galáxia, de acordo com o Instituto SETI.
Mundos potencialmente habitáveis são importantes não apenas para cientistas planetários e para aqueles que esperam tornar a humanidade extraplanetária, mas também para aqueles envolvidos na busca por inteligência extraterrestre (ou SETI). Os mundos habitáveis indicam aos pesquisadores como a situação da Terra pode ser única e os tipos de condições necessárias para possibilitar a vida no Universo.
Agora, uma equipe de pesquisadores propôs um novo modelo de busca de exoplanetas que se concentra na região ao redor da linha de poeira, região onde grandes volumes de poeira orbitam a estrela de um determinado sistema. O foco na linha de poeira aproximará as pesquisas de exoplanetas das estrelas hospedeiras dos sistemas sob investigação. As descobertas da equipe de pesquisa foram publicadas no The Astrophysical Journal Letters.
“Ele acrescenta uma nova dimensão em nossa busca por habitabilidade. Pode ser uma dimensão negativa ou pode ser uma dimensão positiva”, disse Ted Bergin, cientista planetário da Universidade de Michigan, EUA, e principal autor do estudo, em um comunicado da universidade. “É emocionante porque leva a todos os tipos de possibilidades infinitas.”
A equipe postula que os mundos que se formam dentro e ao redor da linha de poeira teriam superfícies ricas em carbono distintas das da Terra. Eles também teriam muito menos água em comparação com o nosso ilustre pálido ponto azul. Entre a linha de poeira e uma estrela, os compostos orgânicos se sublimam em gases, reduzindo a quantidade desse material que de outra forma contribuiria para a formação de um planeta.
A equipe modelou como um planeta rico em silicato pode se desenvolver na linha de poeira e descobriu que tal mundo teria uma atmosfera rica em metano, semelhante à grande lua Titã. Eles ficariam entre mundos ricos em água e mundos rochosos, estimou a equipe.
“Os planetas que nascem nesta região, que existe em todos os sistemas de discos formadores de planetas, liberarão mais carbono volátil de seus mantos”, disse Bergin. “Isso poderia facilmente levar à produção natural de névoas ou neblinas. Essas névoas foram observadas nas atmosferas de exoplanetas e têm o potencial de mudar o cálculo do que consideramos mundos habitáveis”.
De fato, a vida além da Terra pode parecer muito diferente do que vemos na Terra. Pode parecer organismos que produzem fosfina, como os cientistas recentemente pensaram que poderia estar acontecendo na atmosfera sulfurosa de Vênus. Ou algo totalmente diferente.
Embora o modelo da equipe ofereça uma proposta intrigante para um novo local de nascimento de mundos habitáveis, ele não desenvolve um mundo habitável. Em outras palavras, esses modelos são tão úteis quanto as ferramentas observacionais que os astrônomos têm para detectar esses planetas.
Felizmente, a busca por exoplanetas está avançando rapidamente, reforçada pelo lançamento do Telescópio Espacial Webb em dezembro de 2021. Além de olhar para algumas das luzes mais antigas do Universo, o olhar inabalável de Webb está revelando exoplanetas anteriormente desconhecidos, bem como novos detalhes em mundos conhecidos.
Tudo sobre exoplanetas – de suas atmosferas nocivas a suas nuvens siltosas – será útil para os astrofísicos descobrirem a verdadeira extensão de sua diversidade e desenvolvimento. Se existem mundos empoeirados como os previstos pelo modelo da equipe, nossas ferramentas para encontrá-los estão cada vez melhores.