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Música colabora para o tratamento de pacientes com AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico (AVE), popularmente conhecido como derrame, é um quadro ocorrido pela falta de sangue em regiões do cérebro ou encéfalo. A escassez de sangue, denominada de isquemia, no tecido encefálico causa lesões irreversíveis de neurônios, desencadeando sequelas clínicas mais brandas, como uma pequena limitação na movimentação de algum membro, até sequelas mais graves, como perder a movimentação de todas as partes do corpo.

A pesquisa conduzida na Hanover University of Music, Alemanha, publicada na Frontiers in Physiology, analisou os efeitos da música com os braços sobre as sequelas do AVC.

Foram analisados pacientes com AVC de grau aproximadamente semelhante divididos em dois grupos: (1) grupo em reabilitação com música composto por 21 pacientes e (2) grupo em reabilitação sem música formado por 19 pacientes.

O treinamento ocorreu em sessões individuais regulares, nas quais os pacientes sentavam-se em frente a uma mesa com uma moldura de madeira em cima. O quadro consistia em uma placa com dimensões de 51 × 51 cm na parte inferior, subdividida em nove campos numerados igualmente espaçados para simplificar as instruções em que no plano horizontal uma tarefa deveria ser realizada.

Barras verticais (comprimento: 51 cm) foram fixadas em três cantos do quadro, todos subdivididos por marcações claramente visíveis em seis intervalos igualmente espaçados. Cada intervalo foi rotulado com um nome de nota musical na parte inferior e outra na parte superior. As tarefas aumentaram em complexidade ao longo de cada sessão e consistiram em movimentos para cima e para baixo da mão em uma posição no plano vertical. As instruções de movimento para cima e para baixo de cada tarefa foram mostradas separadamente como uma sequência de notas musicais em uma folha atrás do quadro. As tarefas consistiram em quatro escalas principais para cima e para baixo, restritas às seis primeiras notas em cada uma das posições, bem como intervalos musicais. Esse exercício também foi repetido quatro vezes em outras posições. O objetivo final do treinamento era ensinar os pacientes a tocar várias rimas simples ou outras músicas familiares apenas movendo o braço afetado nas três mãos. Os pacientes sempre moviam os braços comprometidos sozinhos, sem a ajuda do braço intacto e do pesquisador.

Os resultados evidenciaram que a suavidade do movimento do grupo tratado com música era levemente maior.

A conclusão dos autores é de que a música causou leves benefícios no tratamento de pessoas com AVC. Portanto, reforça-se o tratamento farmacológico convencional associado a uma terapia que seja suportada por evidências científicas.

Referência

  • Nikmaram N, Scholz DS, Großbach M, Schmidt SB, Spogis J, Belardinelli P, Müller-Dahlhaus F, Remy J, Ziemann U, Rollnik JD and Altenmüller E (2019) Musical Sonification of Arm Movements in Stroke Rehabilitation Yields Limited Benefits. Front. Neurosci. 13:1378. doi: 10.3389/fnins.2019.01378
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br