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NASA mostra conceito para uma sonda ‘Cryobot’ de procura a vida alienígena

cryobot para busca por vida alienígena

Os astrobiólogos suspeitam que possa haver vida alienígena fora do nosso alcance dentro do nosso próprio sistema solar, em oceanos escondidos sob crostas geladas em luas que orbitam Júpiter e Saturno. Mas, ao contrário da superfície de Marte, que pode ser explorada por rovers e landers, estes oceanos misteriosos são atualmente inacessíveis para nós. Num esforço para mudar isso, investigadores reuniram-se este ano para conceber uma nova missão que possa finalmente revelar o que há de alienígena nesses mundos aquáticos distantes.

A sonda proposta, chamada cryobot, é um robô cilíndrico que seria capaz de aquecer o gelo para perfurá-lo, permitindo ao bot acessar a água líquida do oceano abaixo. O workshop, realizado em fevereiro no California Institute of Technology, reuniu mais de 40 pesquisadores para amadurecer o conceito tecnológico. Os participantes exploraram os sistemas de energia, térmicos, de mobilidade e de comunicação necessários para tal missão, conforme descrito pela NASA em um artigo recente.

Os cientistas levam a sério a ideia de que existe alguma forma de vida fora da Terra, e observatórios espaciais, incluindo o Telescópio Espacial Webb e, eventualmente, o Observatório de Mundos Habitáveis, são concebidos para recolher dados sobre exoplanetas onde a vida alienígena pode formar-se. Esses mundos, porém, estão muito distantes para serem explorados diretamente. Em vez disso, a nossa melhor esperança é observar onde é provável que exista água líquida no nosso sistema solar.

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Um conceito de um módulo de pouso cryobot permeando o gelo e inserindo uma sonda em um oceano subterrâneo. Ilustração: NASA/JPL-Caltech

O conceito funcionaria assim: um módulo de pouso pousaria em uma lua congelada e implantaria uma sonda cilíndrica para romper a superfície gelada usando perfuração com água quente. O cryobot teria um sistema de energia nuclear de aproximadamente 10 quilowatts que seria protegido dentro de uma estrutura que o protegeria da alta pressão do oceano profundo.

Um sistema de gerenciamento térmico manteria as temperaturas internas em um nível seguro e distribuiria adequadamente o calor por todo o sistema. Um sistema de jato de água e corte seria incluído no dispositivo para permitir que o cryobot limpasse rochas, partículas e sal enterrados no gelo.

Os participantes do workshop concluíram que uma demonstração de sistemas de mitigação de riscos é uma alta prioridade para trabalhos futuros sobre o conceito.

Eles também determinaram que qualquer cryobot implantado na Lua precisaria de um link de comunicação que lhe permitisse transmitir informações a um módulo de pouso na superfície, que por sua vez retransmitiria esses dados para a Terra. Embora os cabos de fibra óptica sejam um padrão da indústria, explicou a NASA, os movimentos na plataforma de gelo podem cortar a ligação entre o módulo de aterragem e a sonda, que pode estar quilômetros abaixo do gelo. Métodos de comunicação sem fio estão disponíveis, incluindo transceptores de rádio, acústicos e magnéticos.

A lua de Júpiter, Europa, e a lua de Saturno, Encélado, são de particular interesse para os astrobiólogos. A NASA e a ESA comprometeram-se com missões para explorar Europa e desenvolveram um conceito de missão para visitar Encélado. Espera-se que o Europa Clipper da NASA seja lançado em outubro de 2024, e suas observações informarão o projeto ideal para uma sonda cryobot, que precisará romper a superfície congelada da lua e então transmitir dados do oceano abaixo. O Encélado Orbilander orbitaria e depois pousaria na lua de Saturno, em busca de sinais de que o oceano subterrâneo pudesse conter vida. No início deste ano, uma equipe de cientistas encontrou evidências de que o fósforo, um ingrediente chave para a vida como a conhecemos, estava a ser expelido por Encélado, cujas plumas de vapor de água podem ter mais de 9.000 quilômetros de comprimento.

Os recentes participantes do workshop concluíram que o conceito de missão “continua viável, cientificamente convincente e a forma mais plausível a curto prazo de procurar diretamente vida in situ num mundo oceânico”, de acordo com a NASA.

Passarão anos até que vejamos uma sonda pousar em uma dessas luas geladas, mas estamos cada vez mais perto de realmente explorar um oceano alienígena.

Publicado no Gizmodo

Brendon Gonçalves

Brendon Gonçalves

Sou um nerd racionalista, e portanto, bastante curioso com o que a Ciência e a Filosofia nos ensinam sobre o Universo Natural... Como um autodidata e livre pensador responsável, busco sempre as melhores fontes de conhecimento, o ceticismo científico é meu guia em questões epistemológicas... Entusiasta da tecnologia e apreciador do gênero sci-fi na arte, considero que até mesmo as obras de ficção podem ser enriquecidas através das premissas e conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos diversos... Vida Longa e Próspera!