Há milhares de vulcões na superfície de Vênus, alguns dos quais podem estar em atividade até hoje. Uma nova análise de imagens de radar, capturadas há 30 anos pela espaçonave Magellan da NASA, revelou novos fluxos de lava em Vênus, sugerindo que o planeta esteve vulcanicamente ativo entre 1990 e 1992.
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A missão Magellan da NASA chegou a Vênus em 1990, tornando-se a primeira nave espacial a mapear toda a superfície do planeta antes de mergulhar na atmosfera venusiana em 12 de outubro de 1994. Desde então, nenhuma outra nave se dedicou à exploração de Vênus. Apesar de as imagens de radar terem mais de três décadas, cientistas desenvolveram novos instrumentos para analisar esses dados, permitindo novas descobertas sobre o planeta infernal.
Um novo estudo sobre o vulcanismo de Vênus, liderado por Davide Sulcanese, estudante de pós-graduação na Università d’Annunzio, na Itália, elabora uma nova análise dos dados recolhidos entre 1990 e 1992. A equipe analisou dois conjuntos de dados de radar da Magellan, obtidos neste período, em busca de sinais de atividade vulcânica. Nas imagens, a equipe identificou mudanças na superfície em duas áreas: no flanco ocidental de Sif Mons, um vulcão no planeta, e no oeste de Niobe Planitia, uma vasta província vulcânica. Embora já tivessem sido encontradas características vulcânicas nessas áreas, a nova pesquisa identificou variações na retrodifusão do radar em diferentes imagens capturadas pela Magellan ao longo de dois anos. Essas variações provavelmente indicam novos fluxos de lava na superfície planetária, conforme relatado no estudo publicado na Nature Astronomy.
As novas descobertas não apenas corroboram um estudo anterior sobre a atividade vulcânica de Vênus, mas também sugerem que o vulcanismo atual no planeta é bastante disseminado. Em março de 2023, um grupo de cientistas observou uma abertura vulcânica em Vênus mudar de forma e aumentar significativamente de tamanho em menos de um ano.
Essa foi a primeira evidência de atividade vulcânica recente no planeta, mas agora os cientistas conseguem entender melhor a extensão do vulcanismo no planeta. “Nossas descobertas nos permitiram estimar a taxa de fluxo e descobrir que Vênus é, na verdade, muito mais ativo do que esperávamos, e o nível de atividade é comparável ao da Terra”, disse Sulcanese.
O estudo dos vulcões ativos pode ajudar os cientistas a entender como o interior de um planeta pode moldar sua crosta e influenciar sua habitabilidade ao longo do tempo. Vênus é frequentemente chamado de “gêmeo da Terra” porque ambos os planetas têm tamanhos e massas quase idênticos, além de composições semelhantes.
“Ao estudar Vênus, podemos compreender melhor a Terra”, afirmou Sulcanese. “É um mundo vulcânico, então é um ambiente muito hostil, pelo menos para nós… e espero que não, mas talvez isso possa acontecer com a Terra.”
Depois de um longo período, a NASA está finalmente enviando uma nova missão a Vênus. A missão VERITAS, com lançamento previsto para 2031, estudará a superfície e o núcleo de Vênus para entender como um planeta rochoso, com tamanho aproximado ao da Terra, seguiu um caminho evolutivo tão diferente.