Traduzido por Julio Batista
Original de Kevin Hurler para o Gizmodo
O RMS Titanic atingiu um iceberg em sua viagem inaugural e afundou no oceano Atlântico Norte em abril de 1912, matando mais de 1.500 passageiros e tripulantes. Agora, os pesquisadores obtiveram uma visão sem precedentes de todo o navio no fundo do mar, criando uma varredura digital do naufrágio a partir de centenas de milhares de fotos.
A BBC relata que a empresa de mapeamento de águas profundas Magellan Limited realizou o trabalho de campo no verão do hemisfério norte de 2022 ao lado da Atlantic Productions, uma produtora que está fazendo um documentário sobre o processo. Pesquisadores das duas organizações passaram seis semanas usando submersíveis para tirar mais de 715.000 imagens do local do naufrágio cobrindo uma largura de 5 quilômetros, que está a cerca de 3.800 metros abaixo da superfície do Oceano Atlântico. Essas imagens foram então unidas para criar uma réplica digital em 3D do navio naufragado.
“Usamos dois submersíveis de ponta chamados Romeo and Juliet (Romeu e Julieta), que foram operados simultaneamente para fornecer a visão em terceira pessoa do processo de criação de um gêmeo digital e para garantir que o local não fosse perturbado durante toda a operação”, disse o especialista em captura 3D da Magellan, Gerhard Seiffert, em um comunicado de imprensa. “O que criamos é um modelo 3D fotorrealístico altamente preciso do naufrágio. Anteriormente, a filmagem só permitia que você visse uma pequena área do naufrágio por vez. Este modelo permitirá que as pessoas deem um zoom e vejam tudo pela primeira vez.”
Quando os pesquisadores terminaram de escanear a nave, ficaram com 16 terabytes de dados e vídeos em 4k do naufrágio. Meses de processamento e renderização resultaram no modelo 3D final, cujos vídeos e fotos foram divulgados esse mês pela Atlantic e pela Magellan. O modelo captura todo o navio, mas também mostra detalhes menores, como caldeiras, garrafas de champanhe fechadas e até um número de série em uma hélice, de acordo com a BBC. Este novo modelo pode ajudar historiadores e engenheiros a aprender mais sobre as circunstâncias que levaram ao infame naufrágio do Titanic.
“Temos dados reais que os engenheiros podem usar para examinar a verdadeira mecânica por trás da partida ao meio e do naufrágio e, assim, chegar ainda mais perto da verdadeira história do desastre do Titanic. Para a próxima geração de exploração, pesquisa e análise do Titanic, este é o começo de um novo capítulo”, disse o especialista em Titanic, Parks Stephenson, no comunicado à imprensa.
O novo modelo digital é mais uma demonstração de como a ciência moderna está nos ajudando a estudar os famosos naufrágios. No ano passado, uma equipe anunciou a descoberta dos destroços bem preservados do Endurance, o navio que transportou a expedição antártica de Ernest Shackleton em 1914.
No início deste ano, pesquisadores da Administração Nacional Oceanográfica e Atmosférica, do estado de Michigan, EUA, e do Ocean Exploration Trust encontraram um navio afundado há muito tempo perdido nas profundezas do Lago Michigan. O Ironton afundou em 1894 e não foi visto novamente até que uma equipe fez imagens do navio usando um sonar – e o encontrou deitado surpreendentemente ereto no fundo do lago.