Por Carlos Zahumenszky
Publicado no Gizmodo
O Facebook começou o ano anunciando uma mudança em seus algoritmos que controlam o fluxo de publicações. De acordo com a rede social, a mudança busca priorizar o conteúdo de amigos e familiares sobre as notícias. Em alguns países, no entanto, a mudança teve um efeito colateral muito perturbador.
Um dos países selecionados pelo Facebook para ser cobaia de seu novo algoritmo foi a Bolívia. Desde outubro, a mídia do país viu o seu tráfego proveniente do Facebook cair (o algoritmo coloca as notícias para uma nova guia chamada Explore). Até esse ponto, parecia que a mudança estava dando o efeito desejado. No entanto, o que aconteceu é que agora é muito mais difícil ler as notícias que não vêm de meios oficiais relacionados ao governo. As notícias da mídia independente deram lugar ao que os usuários decidem compartilhar, e isso significa uma avalanche de conteúdo antigo ou abertamente falso.
Na Eslováquia, onde o parlamento está sob o controle de uma minoria de extrema direita, o novo algoritmo do Facebook levou a uma queda de 30% no tráfego de mídia do Facebook e também a um aumento das notícias falsas.
O especialista em redes sociais do site de notícias Denník N, Filip Struharik, explica ao New York Times que a mudança permitiu a propagação do discurso de ódio, como a história de um muçulmano que confessou ter colocado uma bomba em um mercado por causa de um católico que devolveu uma carteira perdida. “As pessoas geralmente não compartilham notícias entediantes ou dados chatos”, acrescenta Struharik.
A mudança no algoritmo não funciona da mesma forma em todos os países, mas nesses dois casos onde está sendo testado o resultado é justamente o contrário do que tinham pretendido. Talvez o problema do Facebook não seja apenas o que a mídia publica, mas o que os usuários decidem compartilhar em seus murais.