Artigo traduzido de BBC. Autor: Pallab Ghosh.
Pesquisadores lançaram o mapa mais preciso já produzido da matéria escura no nosso Universo.
A equipe pesquisou mais de 26 milhões de galáxias no maior estudo desse tipo.
O mapa ajudará os cientistas a entender do que a matéria escura é feita e aprender mais sobre outro fenômeno misterioso chamado energia escura.
Os resultados foram divulgados pelo consórcio internacional Dark Energy Consortium (DES).
De acordo com o professor Ofer Lahav da University College London (UCL) e presidente do Conselho Consultivo do DES, o mapa fornece novas ideias sobre como o Universo funciona.
“A energia escura e a matéria escura representam provavelmente um dos maiores mistérios do mundo da ciência. Isso gerou muito interesse em toda a ciência, porque é uma grande mudança. E, na verdade, ainda não sabemos o que elas são” ele disse.
Os cientistas suspeitaram que havia mais material no universo do que podemos observar há mais de 80 anos.
O movimento de estrelas e galáxias indica que o Universo também é composto de partículas invisíveis chamadas matéria escura.
Em 1998, duas equipes de astrônomos descobriram que a expansão do Universo estava se acelerando, em vez de desacelerar, como sugeria a teoria na época. Os físicos especularam que a aceleração era causada por algo que eles chamaram de energia escura.
Desde então, as observações indicaram que a energia escura e a matéria escura em conjunto representam 96% do Universo. O desafio foi encontrar maneiras de estudar esses fenômenos invisíveis em detalhes.
“Não podemos simplesmente dizer que não sabemos o que é, temos que fazer um esforço para ver o que é”, de acordo com Prof Lahav.
O Dark Energy Survey é o esforço mais ambicioso até à data. Começou em 2004 e envolve 400 cientistas de 26 instituições em sete países.
A pesquisa envolve tirar fotos de 26 milhões de galáxias através de uma grande extensão do céu usando o telescópio Blanco no Chile. Para fazer isso, a equipe de pesquisa teve que construir uma das câmeras mais sensíveis já construídas. A câmera de 570 megapixels é capaz de detectar luz de galáxias a 8 bilhões de anos-luz de distância.
Ao estudar a forma como a luz é distorcida pela matéria escura, os pesquisadores conseguiram calcular sua distribuição. E ao estudar a maneira pela qual a distribuição muda ao longo do tempo, eles podem calcular a maneira pela qual a energia escura age sobre ela.
A equipe também conseguiu inferir as quantidades de energia escura e matéria escura pela densidade e localização das galáxias.
Os resultados apoiam estudos anteriores que indicam que o Universo é composto de 4% de matéria comum, 26% de matéria escura e 70% de energia escura.
A esperança é que um estudo detalhado do mapa dê pistas sobre o que a matéria escura e a energia escura podem ser e, assim, levam a uma teoria mais completa da física.
Os dados divulgados decorrem apenas de um ano de observações. Os pesquisadores planejam coletar dados por mais quatro anos em uma área ainda maior do céu. Prof. Lahav diz que há muito mais por vir.
Ele explicou: “Quando tivermos a pesquisa completa, 300 milhões de galáxias e mil supernovas, podemos fornecer insumos para um novo Einstein nos dizer o que tudo isso significa: por que o Universo é dessa forma?”