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Novos segredos macabros das civilizações antigas do Peru são descobertos nos Andes

Por Joanna Thompson
Publicado na Live Science

O contraforte da Cordilheira dos Andes está revelando seus segredos sangrentos: os antigos esqueletos de crianças sacrificadas.

Arqueólogos desenterraram 29 corpos humanos sepultados há aproximadamente 1.000 anos em Huaca Santa Rosa de Pucalá, um sítio arqueológico na região de Lambayeque, no noroeste do Peru.

Quatro dos esqueletos – pertencentes a duas crianças, um adolescente e um adulto – são da cultura de Huari.

Esses quatro esqueletos representam os primeiros exemplos conhecidos de oferendas humanas da civilização Huari na região, disse Edgar Bracamonte Lévano, diretor da escavação e arqueólogo pesquisador do Museu das Tumbas Reais de Sipán, ao Live Science por e-mail.

Uma visão aérea do local da escavação. Crédito: Edgar Bracamonte Lévano.

Além de restos humanos, a escavação descobriu esqueletos de oito porquinhos-da-índia, além de várias alpacas e lhamas, que provavelmente foram sacrificadas. Eles também descobriram potes, garrafas e uma faca com uma lâmina em forma de meia lua.

Bracamonte Lévano reconheceu os túmulos como Huari porque eles eram cercados por três distintos recintos em forma de D, típicos dos espaços religiosos da cultura.

As oferendas humanas podem ter sido “parte de um possível ritual realizado antes de iniciar a construção desses espaços religiosos de estilo Huari”, disse ele.

Além das quatro oferendas humanas, a equipe arqueológica descobriu um quinto indivíduo que havia passado por um sepultamento secundário. “Quer dizer, ele foi enterrado em outro lugar e [depois] reenterrado dentro do recinto em forma de D”, disse Bracamonte Lévano.

Esqueleto humano desenterrado em Huaca Santa Rosa de Pucalá. Crédito: Edgar Bracamonte Lévano.

A civilização Huari floresceu ao longo das montanhas e costas do Peru moderno por volta de 500 a 1000 d.C. O povo Huari era conhecido por seus tecidos finos e esculturas de cerâmica, bem como por suas estradas e agricultura em terraços, de acordo com a Enciclopédia de História Mundial. Essas estradas seriam posteriormente incorporadas a partes do Império Inca.

Embora a estrutura exata da sociedade Huari permaneça aberta ao debate, os arqueólogos encontraram evidências sugerindo que a religião estava profundamente entrelaçada com a política e que as mulheres estavam incluídas nos níveis mais altos de governança, como o Live Science relatou anteriormente.

Os outros 25 esqueletos encontrados enterrados – embora não sacrificados – no local pertenciam à cultura Mochica, ou Moche. Essa civilização prosperou no que hoje é Lambayeque cerca de 100 a 700 d.C., e mais tarde seria suplantada pelos Hauri.

Ao contrário da arte Huari, que tende para formas e padrões abstratos, a arte Moche é famosa por seu estilo mais literal e naturalista. Isso torna os artefatos das duas culturas facilmente distinguíveis, disse Bracamonte Lévano.

Entre as descobertas Moche mais significativas nos últimos anos está a múmia Senhora do Cao, uma nobre tatuada cuja reconstrução forense foi tema de um documentário de 2017 da National Geographic.

O Senhor de Sipán, outra múmia Moche famosa descoberta em 1987, reside no Museu das Tumbas Reais de Sipán sob o olhar atento de Bracamonte Lévano.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.