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O cataclismo que formou a Lua também poderia ter desencadeado as placas tectônicas da Terra

Traduzido por Julio Batista
Original de Nikk Ogasa para o Science News Magazine

Vestígios de um cataclismo da formação da Lua podem ter iniciado as placas tectônicas na Terra.

A principal explicação para a origem da lua propõe que um planeta do tamanho de Marte, apelidado de Theia, atingiu a recém-nascida Terra, ejetando uma nuvem de detritos no espaço que mais tarde se fundiu em um satélite. Novas simulações de computador sugerem que supostos restos de Theia nas profundezas do planeta também podem ter desencadeado o início da subducção, uma marca registrada das placas tectônicas modernas, informou o geodinamicista Qian Yuan, da Caltech, em 13 de março na Conferência de Ciências Lunares e Planetárias.

A história oferece uma explicação coesa de como a Terra ganhou sua Lua e suas placas tectônicas em movimento, e pode ajudar na busca por outros mundos semelhantes à Terra. Mas outros advertem que é muito cedo para dizer que isso é, de fato, o que aconteceu.

De todos os mundos já descobertos, o nosso é o único conhecido por ter placas tectônicas. Por bilhões de anos, as placas rastejantes da Terra se espalharam, colidiram e mergulharam umas nas outras, dando origem e dividindo continentes, elevando cadeias de montanhas e ampliando oceanos. Mas toda essa remodelação também apagou a maioria das pistas da história inicial do planeta, incluindo como e quando as placas tectônicas surgiram.

Muitas hipóteses foram propostas para explicar o início da subducção, um processo tectônico no qual uma placa desliza sob outra. Yuan e seus colegas escolheram se concentrar em duas bolhas de material do tamanho de um continente no manto inferior da Terra, conhecidas como grandes províncias de baixa velocidade de cisalhamento. Estas são regiões através das quais as ondas sísmicas são conhecidas por se moverem de forma anormalmente lenta. Os pesquisadores haviam proposto anteriormente que essas regiões poderiam ter se formado a partir de placas antigas subduzidas. Mas em 2021, Yuan e seus colegas propuseram alternativamente que as massas misteriosas poderiam ser os remanescentes densos e afundados de Theia.

Com base nesse trabalho anterior, os pesquisadores usaram computadores para simular como o impacto de Theia e seus restos remanescentes afetariam o fluxo de rocha dentro da Terra.

Eles descobriram que, uma vez que essas bolhas alienígenas quentes afundaram no fundo do manto, elas poderiam ter forçado grandes plumas de rocha quente a subir e se encaixar na camada externa rígida da Terra. À medida que a ressurgência continuou a alimentar as plumas elevadas, elas teriam inchado e empurrado placas da superfície da Terra para baixo delas, provocando a subducção cerca de 200 milhões de anos após a formação da lua.

Embora as simulações sugerem que as grandes províncias de baixa velocidade de cisalhamento possam ter contribuído para o início da subducção, ainda não está claro se essas massas vieram de Theia. “As características… são uma descoberta bastante recente”, disse o geodinamicista Laurent Montési, da Universidade de Maryland em College Park, EUA. “São estruturas muito fascinantes, com uma origem muito desconhecida.” Como tal, diss ele, é muito cedo para dizer que Theia desencadeou as placas tectônicas.

“É provocador. Este material lá embaixo é algo especial”, disse Montési sobre as grandes províncias de baixa velocidade de cisalhamento. “Mas se são originalmente extraterrestres, não acho que o caso esteja encerrado.”

No entanto, se confirmada, a explicação pode ter implicações que vão além do nosso Sistema Solar. “Se você tem uma lua grande, provavelmente tem um objeto impactor grande”, disse Yuan. Os cientistas ainda não confirmaram a descoberta relacionada a exoluas. Mas ficar de olho, disse Yuan, pode nos ajudar a descobrir outro mundo tão tectonicamente ativo quanto o nosso.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.