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O estranho dinossauro com garras de foice de Jurassic World não poderia ter sido um matador, confirma estudo

Traduzido por Julio Batista
Original de Sascha Pare para a Live Science

Um dinossauro “totalmente bizarro” com garras tão gigantescas que sua função permaneceu um mistério por muito tempo não poderia usá-las para lutar ou afastar inimigos porque eram muito frágeis, descobriu um novo estudo.

O dinossauro terópode, Therizinosaurus (ou Therizinossauro), viveu no final do Triássico e Cretáceo (220 milhões a 66 milhões de anos atrás). Suas garras em forma de foice aparecem no filme “Jurassic World”, onde a fera pode ser vista atacando um cervo e empalando o feroz predador Giganotossauro. No entanto, a nova pesquisa indica que essa representação é imprecisa.

“Filmes e documentários sugerem que eles usavam essas garras como longas espadas para lutar entre si ou contra predadores”, disse Zichuan Qin, um estudante de doutorado da Universidade de Bristol, na Inglaterra, que liderou o estudo, disse à Live Science. “Mas nossa pesquisa sugere que elas não suportam muitos danos, o que significa que esses animais não podem usar suas garras para lutar ou se defender. Os resultados surpreenderam a todos nós, porque assistimos [Jurassic World] no ano passado e todos ficaram animados. Nós rapidamente percebemos: ‘Não, isso não é verdade!'”

Os Therizinossauros se desenvolveram com o tamanho de um peru e evoluíram para 10 metros de altura, tão grandes quanto o Tyrannosaurus rex (o Tiranossauro). No final do Cretáceo, esse dinossauro emplumado “totalmente bizarro” parecia “uma espécie de girafa” com pernas curtas e um “bumbum enorme”, no qual poderia ter usado para sentar enquanto mastigava folhas, disseram os pesquisadores.

Mas o que fez desse dinossauro um verdadeiro empecilho foram suas garras estreitas de 1 metro de comprimento, ao estilo “Edward Mãos de Tesoura”, as maiores de qualquer animal já registrado, de acordo com o estudo.

“Tem havido muita discussão sobre para que serviam essas garras, em parte porque são muito grandes e em parte porque estão ligadas a um animal cujas outras características sugerem que era um herbívoro – seus crânios e dentes sugerem que eles comiam plantas”, disse Paulo Barret, um paleobiólogo do Museu de História Natural de Londres que não esteve envolvido no estudo, à Live Science.

Essas garras desproporcionais eram tão fracas que não conseguiam nem enganchar e derrubar galhos, de acordo com o estudo, publicado em 16 de fevereiro na revista Communications Biology. Os pesquisadores usaram escaneamentos detalhados de fósseis para fazer modelos de computador 3D das garras, que testaram para diferentes funções mecânicas, como cavar, puxar e perfurar.

Eles também estudaram os alvarezsauros, um grupo de dinossauros intimamente relacionado aos Therizinossauros que, em contraste com o último grupo, evoluíram para se tornarem dinossauros em miniatura com garras semelhantes a picaretas. “Os alvarezsauros se tornaram os menores dinossauros de todos os tempos – menores que uma galinha”, disse Qin. “Suas garras eram pequenas, mas muito fortes e robustas; elas podiam suportar tensões muito grandes, como cavar no chão.”

A ideia de que o alvarezsauro era um comedor de formigas com garras ideais para desenterrar formigueiros é amplamente aceita entre os paleontólogos, mas o novo estudo fornece suporte mais rigoroso e quantitativo, disse Barrett.

Então, por que o Therizinossauro desenvolveu garras aparentemente inúteis e gigantescas? Os pesquisadores sugeriram que os machos exibiam suas longas garras para atrair as fêmeas, assim como os pavões desdobram suas caudas para impressionar potenciais parceiras.evol

“Concluímos que eles eram em grande parte para exibição”, disse o coautor do estudo, Mike Benton, professor de paleontologia de vertebrados da Universidade de Bristol, à Live Science por e-mail. “Os Therizinossauros talvez exibissem e estalassem suas longas garras como forma de assustar os outros ou impressionar as fêmeas.”

Os autores apresentaram um caso convincente descartando o uso dessas garras frágeis para lutar, disse Barrett. No entanto, “eles podem ter tido algum papel menor na coleta de alimentos”, acrescentou. “Mas muitas vezes na evolução, essas estruturas muito estranhas e elaboradas que parecem inúteis geralmente se resumem a mostrar quem consegue acasalar com quem”.

Ele também sugeriu outro propósito possível para as garras gigantescas. “Eles podem até tê-las usadas para cuidar uns dos outros. Esses animais tinham penas e, pelo que sabemos, eles poderiam tê-las usadas como pentes elaborados.”

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.