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O Megalodonte era assustadoramente grande, mesmo comparado a seus parentes extintos, revela estudo

Por Mindy Weisberger
Publicado na Live Science

O Megalodonte foi o tubarão mais monstruoso que já existiu, e seu tamanho gigantesco era altamente incomum mesmo entre os tubarões de seu período, descobriram os cientistas recentemente.

Na verdade, o gigantismo do Megalodonte – estima-se que tenha medido até 15 metros de comprimento ou quase tão longo quanto uma pista de boliche – estava “fora da escala”, escreveram pesquisadores em um novo estudo.

Evidências de tubarões extintos e vivos da ordem Lamniformes, o grupo que inclui o Megalodonte, revelaram que não apenas o rei dos tubarões era um exagero extremo de tamanho quando comparado às espécies modernas, mas também era substancialmente maior do que o segundo maior tubarão extinto na ordem dos Lamniformes em pelo menos 7 metros, relataram os cientistas.

Os tubarões modernos são certamente miniaturas quando comparados com o Megalodonte (Otodus megalodon). A maior espécie predatória conhecida, o grande tubarão branco (Carcharodon carcharias), cresce até cerca de 6 metros de comprimento, e o tubarão-baleia que se alimenta por filtração (Rhincodon typus), a maior espécie de peixe viva hoje, mede cerca de 6 a 10 metros do nariz à ponta da cauda, ​​em média.

Existem 13 espécies de tubarões lamniformes vivos hoje; estes incluem tubarões-mako (do gênero Isurus), tubarões-duendes que vivem no fundo do mar (Mitsukurina) e tubarões-raposa (Alopias), bem como os tubarões-brancos.

A maioria dos fósseis de Megalodonte datam de cerca de 15 milhões de anos atrás, e os lamniformes eram abundantes do final da era Mesozoica (252 milhões a cerca de 66 milhões de anos atrás) até o início da era Cenozoica (65 milhões de anos atrás até o presente).

No entanto, pouco se sabe sobre a anatomia dos lamniformes extintos; como os esqueletos de tubarão são feitos de cartilagem em vez de osso, eles são extremamente raros no registro fóssil, exceto pela abundância de seus dentes fossilizados, disse o autor do estudo Kenshu Shimada, professor de paleobiologia da Universidade DePaul em Chicago (EUA) e pesquisador associado no Museu Sternberg em Kansas (EUA).

O tamanho do dente pode ser usado para estimar o tamanho do corpo de um tubarão, porque conforme os tubarões crescem, eles substituem continuamente seus dentes, ficando mais novos e maiores com o tempo. No novo estudo, Shimada e seus colegas fizeram uma nova ferramenta para calcular o comprimento do corpo: uma equação que representa a relação quantitativa real entre o comprimento do corpo e o tamanho do dente em lamniformes.

Acima: Desenho esquemático mostrando a distribuição dos tamanhos máximos possíveis de todos os gêneros não planctívoros conhecidos na ordem dos tubarões Lamniformes, compreendendo espécies modernas (em cinza) e extintas (em preto; com silhuetas hipotéticas) e em comparação de escala com um humano adulto médio (em vermelho). Créditos: Kenshu Shimada / Universidade DePaul.

Eles se basearam nos dentes e comprimentos corporais conhecidos de 32 espécimes de tubarões lamniformes predadores, representando todas as 13 espécies que não são comedoras de plâncton, disse Shimada ao Live Science por e-mail. Eles, então, aplicaram essa equação para lamniformes predadores extintos.

Os cientistas descobriram que muitos tubarões lamniformes extintos eram bastante grandes, com quatro gêneros mesozoicos (Cretodus, Cretoxyrhina, Hispidaspis  e Scapanorhynchus ) e quatro gêneros Cenozoicos (Alopias, Carcharodon, IsurusOtodus) contendo pelo menos uma espécie de tubarão que cresceu mais de 6 metros de comprimento.

Por que esse grupo tem tantos tubarões gigantes? Seu gigantismo pode ser associado a uma estratégia reprodutiva: filhotes ainda não nascidos “tinham um comportamento canibalista único de comer ovos” que serviriam de nutrientes para embriões prematuros, permitindo que cresçam ainda dentro de suas mães alimentando-se de seus irmãos, disse Shimada no e-mail.

Mas, embora os pesquisadores tenham descoberto que o gigantismo era comum em várias linhagens lamniformes, o Megalodonte também era muito maior que os tubarões extintos.

“Esperávamos que o Megalodonte fosse grande”, disse Shimada.

O que eles não previram era que haveria uma lacuna de 7 metros entre o Megalodonte e o segundo maior tubarão lamniforme predatório no registro fóssil, disse ele. De acordo com seus cálculos, todos os outros lamniformes que não comiam plâncton não cresceram mais do que 7 metros de comprimento, relataram os autores.

Embora a imagem do Megalodonte esteja agora um pouco mais clara do que antes, muitas questões fundamentais sobre o tamanho do enorme super-tubarão ainda estão sem resposta, como os detalhes de sua estrutura corporal e o que causou o gigantismo exagerado do Megalodonte, disse Shimada.

“O porquê Megalodonte foi extinto é outra grande questão fundamental que permanece sem solução”, acrescentou.

As descobertas foram publicadas online em 5 de outubro na revista Historical Biology.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.