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O mito do Pé-Grande tem uma explicação muito simples, segundo cientista

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

Uma figura enorme emerge das sombras de uma floresta, apenas para se arrastar para a cobertura de arbustos mais uma vez.

É uma cena que foi capturada distantemente por mil olhos humanos, mas ninguém esteve perto para olhar um Pé-Grande ou um Sasquatch cara a cara. Se alguém estivesse olho no  olho com o olhar da criatura mítica, poderia se surpreender com o que encontraria de fato.

Um cientista de dados chamado Floe Foxon mostrou que a maioria dos avistamentos de Pé-Grande nos Estados Unidos e no Canadá eram provavelmente ursos-negros, andando sobre as patas traseiras.

Os ursos-negros americanos (Ursus americanus) geralmente andam de quatro, mas ficam de pé nas patas traseiras quando precisam ter uma visão mais clara ou sentir um cheiro mais forte de algo interessante. E desta posição, eles podem parecer estranhamente humanos – embora bastante peludos.

Esta não é a primeira vez que os cientistas sugerem ursos negros como a explicação para o fenômeno do Pé-Grande.

Em 2005, um cientista comparou populações projetadas de ursos-negros com relatos de avistamentos de Pé-Grande no noroeste dos Estados Unidos. No entanto, ele concluiu que uma espécie de animal diferente do urso-negro americano é responsável pelos avistamentos dessa criatura mítica.

Mas em 2009, outro paper baseado na mesma região mostrou um alto grau de sobreposição entre populações de ursos-negros e avistamentos de Pé-Grande.

Foxon agora expandiu os resultados anteriores, estendendo a análise a todos os lugares nos EUA e no Canadá onde ursos-negros e humanos vivem próximos uns dos outros.

Os dados que ele usou para os avistamentos do Pé-Grande vieram da Organização de Pesquisadores de Campo do Pé-Grande, que mantém um banco de dados geográfico de relatos de testemunhas oculares, principalmente do século XX em diante.

Foxon então comparou essas informações com dados locais sobre densidade e propagação de ursos-negros, bem como densidades populacionais humanas. Ele diz que isso é um avanço nas projeções simplificadas usadas em papers anteriores.

De acordo com o rigoroso modelo de regressão de Foxon – que mostra se as mudanças observadas em uma variável estão associadas a mudanças em outra – os avistamentos de Pé-Grande são amplamente explicados por ursos-negros mal identificados.

Em áreas com grande número de ursos-negros e humanos, mais pessoas veem o Pé-Grande, e isso é especialmente verdadeiro no Noroeste Pacífico.

No Texas e na Flórida, por outro lado, os ursos-negros não são tão comuns, apesar do fato de que os avistamentos de Pés-Grandes nesses dois estados são comuns.

“Notavelmente, avistamentos de Pés-Grandes foram relatados em estados sem populações conhecidas de ursos-negros reprodutores”, admite Foxon.

“Embora isso possa ser interpretado como evidência da existência de um hominídeo desconhecido na América do Norte, também é explicado pela identificação incorreta de outros animais (incluindo humanos), entre outras possibilidades”.

Em geral, no entanto, estados como Texas e Flórida são exceções à regra. Em média, Foxon descobriu que um avistamento de Pé-Grande é esperado para cada 900 ursos-negros em um determinado estado dos EUA ou província canadense.

Em outras partes do mundo, os ursos também podem estar enganando as pessoas para que vejam hominídeos míticos.

Nas montanhas da Ásia, por exemplo, é provável que o Yeti seja na verdade apenas um urso-negro-asiático, um urso-pardo-do-Himalaia ou um urso-tibetano coberto de neve.

As evidências físicas que foram coletadas do Yeti no passado, como dentes e cabelos, sempre pertenceram a outro animal conhecido, geralmente um urso.

“Em conclusão”, escreveu Foxon, “se o Pé-Grande estiver lá, pode haver muitos ursos.”

O estudo foi publicado no bioRxiv.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.