Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert
Os dias do Oceano Pacífico estão contados, de acordo com uma nova simulação de supercomputador das placas tectônicas da Terra.
As boas notícias? O oceano mais antigo do nosso planeta ainda tem mais 300 milhões de anos pela frente. Se o Pacífico tiver sorte, pode até comemorar seu bilionésimo aniversário antes de finalmente deixar de existir.
Mas pesquisadores da Universidade Curtin, na Austrália, acreditam que o oceano provavelmente será engolido antes disso.
Em seus anos finais de vida, o Pacífico dificilmente se parecerá com a vasta extensão em azul que tem hoje. Todos os anos, o oceano encolhe alguns centímetros, como vem acontecendo desde que era um superoceano em torno do último supercontinente de Pangeia.
Este antigo oceano abriga inúmeras zonas de subducção, com placas tectônicas colidindo e passando por cima umas das outras. Coloquialmente conhecido no Pacífico como o ‘Anel de Fogo’, esses locais funcionam quase como drenos de banheira para o fundo do oceano.
A cada ano, alguns centímetros da placa do Pacífico deslizam sob a placa eurasiana e a placa indo-australiana, colapsando a distância entre a América do Norte, Ásia e Austrália.
Nem todos os cientistas concordam sobre como será o próximo supercontinente ou como ele se formará, mas em muitas simulações, o Oceano Pacífico está condenado.
Enquanto alguns estudos sugerem que o Oceano Atlântico, que está se expandindo hoje, pode começar a encolher no futuro, criando assim um supercontinente cercado por um super oceano Pacífico, pesquisadores da Universidade Curtin discordam.
Em vez de um segundo continente do tipo Pangeia (também conhecido como Pangeia Próxima) se formando, eles argumentam que o mundo está se dirigindo para um supercontinente no qual a América do Norte colide com a Ásia, apelidado de Amásia.
A pobre Austrália fica de fora desse ‘nome de casal fofo’, mas em modelos geodinâmicos 4D, o continente do Hemisfério Sul parece desempenhar um papel importante em tapar o que resta do Pacífico.
As simulações recentes de pesquisadores da Austrália são baseadas em parâmetros realistas de placas e mantos do presente e do passado, que foram então usados por um supercomputador para prever o futuro.
“Nos últimos dois bilhões de anos, os continentes da Terra colidiram para formar um supercontinente a cada 600 milhões de anos, conhecido como o ciclo do supercontinente”, disse o cientista da Terra e principal autor, Chuan Huang.
“Ao simular como as placas tectônicas da Terra devem evoluir usando um supercomputador, fomos capazes de mostrar que em menos de 300 milhões de anos é provável que seja o Oceano Pacífico será engolido, permitindo a formação de Amásia, desmascarando algumas teorias científicas anteriores.”
Ao contrário de algumas outras simulações de supercontinentes, esta nova sugere que o Oceano Pacífico, e não o Oceano Atlântico ou o Mar do Caribe, será destruído quando a Amásia se formar.
No modelo atual, Amasia surge quando o Pacífico se fecha devido ao enfraquecimento da camada superior da crosta oceânica.
“A Terra como a conhecemos será drasticamente diferente quando Amásia se formar. Espera-se que o nível do mar seja mais baixo, e o vasto interior do supercontinente será muito árido com altas temperaturas diárias”, disse o geocientista Zheng-Xiang Li.
Mas este é apenas o estudo mais recente de uma longa série de simulações de supercontinentes, todas tentando prever como será o nosso planeta no futuro.
É improvável que mais um modelo acabe com o debate, mas este não é o único a prever o fim do Pacífico.
Em um cenário onde um supercontinente chamado Novopangaea se forma, as Américas colidem com a Antártida antes de colidir com a Eurásia e a África. Isso corta o Pacífico de uma maneira diferente, mas com resultados semelhantes.
Em outro cenário de supercontinente, chamado Aurica, os oceanos Pacífico e Atlântico são engolidos para sempre, e uma nova bacia oceânica surge em seu lugar.
Seja qual for o resultado, uma coisa é certa: a Terra e seus oceanos nunca mais serão os mesmos.
O estudo foi publicado na National Science Review.