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O Voo dos Pterossauros

Os pterossauros (répteis voadores que não são dinossauros!) no passado sempre eram figurados como animais planadores incapazes de voar. Até mesmo no chão, os cientistas achavam que sua locomoção era desajeitada, parecida com a dos morcegos. Estudos e trabalhos atuais apresentam os pterossauros como répteis voadores ativos e eficientes, como as aves modernas, por exemplo.

Pterodactylus. Créditos pela ilustração: © Luis Rey Dimorphodon © Luis Rey
Pterodactylus. Créditos pela ilustração: Luis Rey Dimorphodon © Luis Rey

Uma das evidências são as adaptações aerodinâmicas para o voo como ossos ocos e cabeça longilínea (esguio). Outra evidência seria que os pterossauros provavelmente eram endotérmicos (sangue quente), pelo motivo de certas espécies como o Pterodactylus e o Rhamphorhynchus do Jurássico Superior da Alemanha, possuírem pelos e fibras. A endotermia proporcionou a estes seres altas taxas metabólicas para alçar voo.

A asa de um pterossauro é composta de pele que se liga à lateral do corpo, em seu braço todo e no longo dígito 4 de sua mão. A batida de sua asa era dirigida para baixo e para trás, e a batida de reposicionamento era para cima e para frente. Existem alguns argumentos de que suas asas seriam uma estrutura delgada, como a das gaivotas.

O voo dos pterossauros era devagar por causa de suas grandes asas, porém, eficiente! Os padrões de suas asas davam manobras extraordinárias no ar, segundo estudos anatômicos. Pense nos planadores marinhos da atualidade (albatroz ou fragatas), o voo dos pterossauros podem ser comparados com eles. Mesmo em pterossauros maiores, a velocidade de decolagem era baixa, mais ou menos 4 m/s em um Pteranodon.

Porém ainda não acabou. Aterrissar para um pterossauro de porte grande era um enorme desafio!  Sua pelve e seu sacro reforçado tinham de aguentar fortes impactos. Os sentidos  deste répteis voadores parecem ter sido adaptados para o voo. Eles possuem olhos grandes, e uma cabeça arredondada como a das aves.

Estudos tomográficos realizados pelo professor de anatomia Lawrence M. Witmer da Universidade de Ohio no ano de 2003, sugere que os pterossauros possuíam uma boa visão e áreas de equilíbrio no encéfalo (centro do sistema nervoso), mesmo seu cérebro sendo menor em relação ao das aves.

Caminhando…

Recentemente surgiu um debate de que os pterossauros possuíam capacidade para caminhar. Kevin Padian (1984) argumenta que eles poderiam caminhar bem em seus membros posteriores de modo ereto! Padian reconstruiu a cintura pélvica de vários pterossauros a fim de estudar tal capacidade. Padian concluiu então que durante seu caminhar, o pterossauro usavam seus quatro membros, andavam em modo quadrúpede, com as pontas das asas projetando-se de ambos os lados de sua cabeça ou de seu tórax. (Veja a imagem para compreender melhor).

Locomoção em modo quadrúpede de um pterossauro, de acordo com Chris Bennett.
Locomoção em modo quadrúpede de um pterossauro, de acordo com o paleontólogo Chris Bennett.

Referências

Paleontologia dos vertebrados / Michael K. Benton ; traduzido pela edtiora. — 3. ed. — São Paulo : Atheneu Editora, 2008. Páginas 226 e 227.

Witmer, L.M., Chatterjees, S., Franzosa, J. and Rowe, T. (2003) Neuroanatomy of flying reptiles and implications for flight, porture and behaviour. Nature, 425, 950-120.

Aryel C. Goes

Aryel C. Goes

23 anos, bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela UNESP - Rio Claro. Atualmente mestrando em Biologia Celular, Molecular e Microbiologia pela mesma instituição. Interessado por imunologia social, etologia, ecologia comportamental, psicobiologia e sua aplicabilidade em insetos sociais. Atrelado a isso, desenvolvo projetos de pesquisa para entender o reconhecimento, defesa e adaptabilidade de formigas saúva-limão contra fungos antagonistas. Sou deísta e creio em um sistema infinito do Universo, aproximando-me demais de outras áreas como a Cosmologia.