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Os cientistas querem clonar um bisão extinto desenterrado do pergelissolo da Sibéria

Traduzido por Julio Batista
Original de Harry Baker para a Live Science

Pesquisadores na Rússia concluíram recentemente uma necropsia, ou autópsia animal, em um bisão extinto incrivelmente intacto que foi desenterrado do pergelissolo siberiano. Os tecidos recuperados durante a dissecação estão tão bem preservados que a equipe acredita que o espécime morto há muito tempo pode ser clonado.

Mas um especialista disse à Live Science que é um tiro no escuro.

A criatura mumificada, que pertence a uma espécie desconhecida de bisão extinto, foi descoberta na localidade de Khaastaakh, na região de Verkhoyansk, na Rússia, no verão de 2022 e doada ao Laboratório do Museu de Mamutes da Universidade Federal do Nordeste (NEFU, na sigla em inglês) em Iacutusque. Investigações preliminares revelaram que o bisão era um jovem de sexo desconhecido que tinha entre 1 e 2 anos quando morreu. Os cientistas ainda não sabem quando o bisão viveu, mas espécimes semelhantes encontrados em 2009 e 2010 datam de 8.000 a 9.000 anos atrás, escreveram os pesquisadores da NEFU em um comunicado.

Um zoom na cabeça do bisão. (Créditos: Assessoria de Imprensa da Universidade Federal do Nordeste)

Durante a necropsia, os pesquisadores coletaram amostras de lã, pele, ossos, músculos, gordura e chifres do bisão, além de remover completamente o cérebro do animal. Os tecidos estão tão bem preservados que há esperança de que possam ser usados ​​para reviver as espécies extintas.

Pesquisadores seguram uma amostra de tecido removida do bisão. (Créditos: Assessoria de Imprensa da Universidade Federal do Nordeste)

“Estamos trabalhando com uma descoberta única que pode ser clonada no futuro graças a materiais selecionados”, disse Hwang Woo Suk, ex-especialista em clonagem e colaborador da NEFU, em um comunicado (Hwang foi demitido da Universidade Nacional de Seoul na Coreia do Sul em 2006 e escapou por pouco da prisão depois de falsificar resultados e quebrar regras de bioética ao tentar clonar células-tronco embrionárias humanas).

Os pesquisadores ao redor do bisão durante a necropsia. (Créditos: Assessoria de Imprensa da Universidade Federal do Nordeste)

Os pesquisadores querem voltar ao local onde o bisão foi encontrado para procurar outros espécimes que possam ajudá-los a reviver essa espécie perdida. No entanto, nem todos estão convencidos de que os antigos bisões podem ser clonados.

“Na minha opinião, não vai ser possível clonar animais extintos a partir de tecidos como este”, disse Love Dalén, um paleogeneticista da Universidade de Estocolmo, na Suécia, que não esteve envolvido na necropsia, à Live Science por e-mail. Embora os tecidos estejam excepcionalmente bem preservados, o DNA dentro deles provavelmente está muito degradado para ser clonado, acrescentou.

(Créditos: Assessoria de Imprensa da Universidade Federal do Nordeste)

“Para tornar a clonagem possível, é preciso encontrar cromossomos intactos, mas o que vemos mesmo nos melhores espécimes é que cada cromossomo está fragmentado em milhões de pedaços”, disse Dalén. “Na minha opinião, é mais provável que você jogue uma moeda e obtenha cara mil vezes seguidas do que encontrar um cromossomo intacto de um espécime com milhares de anos” (os cromossomos são estruturas semelhantes a filamentos feitas de DNA encontradas no núcleo de uma célula).

No entanto, pode ser possível sequenciar a maior parte do genoma do bisão, que pode ser combinado com o DNA de outros espécimes da espécie extinta, bem como do bisão vivo, para eventualmente reviver o animal extinto, disse Dalén. Isso ainda seria extremamente difícil, mas a probabilidade de sucesso é “muitas ordens de magnitude maior” do que a clonagem direta do espécime, acrescentou.

Os cientistas da NEFU também dissecaram recentemente um urso mumificado desenterrado em uma remota ilha russa que eles pensavam pertencer a uma espécie extinta de urso-das-cavernas que remonta a 22.000 anos atrás, mas o espécime acabou sendo um urso marrom de 3.500 anos.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.