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Pegadas provam que humanos caçavam preguiças-gigantes durante a Era do Gelo

Preguiças-gigantes como a Megatheriumera, herbívoros do tamanho de elefantes que, com garras afiadas e músculos grandes, teriam sido presas formidáveis para os humanos pré-históricos – Jaime Chirinos/Science Source

Traduzido por Carlos Germano
Original de Dan Garisto para o Science News

Pessoas “rastreando” preguiças-gigantes há milhares de anos no que hoje é o Novo México, deixaram pegadas que confirmam que os humanos já caçaram essas criaturas enormes no passado, relatam pesquisadores para Science Advances.

As preguiças-gigantes, que desapareceram no final da última Era do Gelo, podem pesar mais do que um elefante. Com suas garras e músculos letais, os herbívoros teriam sido presas formidáveis, diz David Bustos, biólogo do Serviço Nacional de Parques do “Monumento Nacional White Sands”, uma área protegida, no Novo México.

Em abril de 2017, os pesquisadores se depararam com mais de 100 rastros em White Sands. Essas “pegadas fantasmas” permanecem ocultas no solo, já que só podem ser vistas sob certas condições de umidade – pouca ou muita água no solo.

Testes de sedimentos mostraram que as pegadas da preguiça e dos humanos foram feitas ao mesmo tempo. Uma análise dos rastros também sugeriu que as duas espécies estavam “interagindo” uma com a outra.

“Estamos obtendo uma visão do passado, de uma interação entre duas espécies”, diz Sally Reynolds, paleoecóloga da Universidade de Bournemouth, em Poole, Inglaterra. “Este foi um momento de ação, um momento de drama”, acrescentou a pesquisadora.

Reynolds, Bustos e seus colegas reconstruíram a perseguição: os humanos perseguiram uma preguiça, ou várias preguiças, conseguindo fazer um cerco em área aberta. Neste momento, uma preguiça se ergueu sobre as patas traseiras – elevando-se sobre os humanos – para se defender de um ataque. Posteriormente, a perseguição ainda continuou, com os humanos atrás delas.

O encontro “não foi sorte ou acaso; foi algo planejado”, conta Reynolds. “A intenção era matá-las.”

A trilha de pegadas termina, e não fica claro quem saiu com a vitória.

Na caçada

Uma pegada humana é mostrada à esquerda com uma marca de calcanhar dentro da pegada maior de uma preguiça-gigante. À direita, os pesquisadores mapearam a preguiça e os rastros humanos para recriar a cena da perseguição, com “círculos agitados” para marcar onde um animal se ergueu sobre os dois pés para se defender.

Matthew Bennett/Bournemouth University, D. Bustos Et Al/Science Advances 2018
Matthew Bennett/Bournemouth University, D. Bustos Et Al/Science Advances 2018.
Carlos Germano

Carlos Germano

carlosgermanorf@gmail.com