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Presa de 30.000 anos revela a taradice agressiva de mamutes machos

Traduzido por Julio Batista
Original de Isaac Schultz para o Gizmodo

O reino animal é cheio de competição sexual, e as criaturas extintas não são exceção: os pesquisadores encontraram evidências de que mamutes-lanudos machos experimentavam estados agressivos induzidos por hormônios em relação a seus rivais, muito parecidos com os elefantes modernos.

Esse fenômeno é conhecido como must e descreve um estado de atividade sexual intensa e agressão em elefantes machos. Uma equipe de pesquisadores que examinou uma presa de mamute de 33.000 anos  encontrou aumentos anuais de testosterona e outros hormônios esteroides, sugerindo que mamutes machos também apresentavam must. Sua pesquisa foi publicada hoje na Nature.

“As presas são particularmente promissoras para a reconstrução de aspectos da história de vida dos mamutes porque preservam um registro de crescimento nas camadas de dentina que se formam ao longo da vida de um indivíduo”, disse Daniel Fisher, paleontólogo da Universidade de Michigan, EUA, e coautor da pesquisa, em um comunicado da universidade.

Uma fatia da presa de um mamute sendo amostrada para hormônios como a testosterona. (Créditos: Michael Cherney, Universidade de Michigan. De Cherney et al., Nature)

Assim como os anéis acumulados anualmente de uma árvore codificam informações climáticas, os anéis concêntricos dentro das presas dos proboscídeos codificam informações sobre seu crescimento. Como as presas são dentes realmente alongados, elas também contêm informações isotópicas das quais os pesquisadores podem obter detalhes sobre a vida dos animais: onde viveram, o que comeram e como morreram.

No ano passado, uma equipe que incluía Fisher conseguiu rastrear os movimentos em vida de um mastodonte de 34 anos chamado Fred, que morreu há cerca de 13.000 anos. Fred acabou sendo morto por outro mastodonte, baseado em um buraco em forma de presa em seu crânio. Com base no momento da morte de Fred – ele morreu na primavera do hemisfério norte – os pesquisadores acreditam que a vida do mastodonte terminou em uma luta pela competição sexual.

Os mastodontes não são mamutes, mas é lógico que a competição feroz entre os machos também ocorreu no último grupo.

No estudo recente, a equipe coletou amostras e examinou presas de um elefante-africano, de um mamute macho e de uma mamute fêmea. Eles extraíram esteroides da dentina nas presas dos proboscídeos e descobriram que os mamutes machos compartilhavam os mesmos padrões de crescimento.

O mamute fêmea (que viveu cerca de 5.750 anos atrás, mais ou menos 150 anos) não mostrou sinais de aumento nos níveis de testosterona, enquanto os machos sim.

O must “fornece um ponto de partida para avaliar a viabilidade do uso de hormônios preservados em registros de crescimento de presas para investigar mudanças temporais na fisiologia endócrina”, disse Fisher no comunicado.

Compreender melhor esses animais extintos em nível hormonal pode ajudar os cientistas a tirar conclusões sobre seus comportamentos na vida. Esse conhecimento pode se tornar ainda mais relevante à medida que os grupos elaboram  planos para criar espécies substitutas dos mamutes.

Projetos maiores para entender a interconectividade da vida dos mamíferos também são informados por essa descoberta. Os mamutes podem ter sido extintos há cerca de 4.000 anos, mas suas presas revelam o quão semelhantes eles eram aos elefantes vivos – pelo menos no que diz respeito ao tesão.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.