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Pesquisa sugere que memes de Internet podem ajudar na depressão

A depressão é um quadro predominantemente caracterizado por comprometimento do afeto e está associado a déficits cognitivos acentuados (por exemplo, memória), déficits comportamentais (por exemplo, função social, comunicabilidade) e dificuldades na regulação adequada das emoções. Os sintomas de depressão são altamente prevalentes, afetando até 27% da população em geral.

Pesquisadores da Northumbria University, Reino Unido, avaliaram como os sintomas da depressão podem influenciar a interpretação dos memes depressivos. O estudo foi publicado na Scientific Reports.

Foram analisados 154 voluntários (74% mulheres, 23.64 anos de idade, entre 18–56).

O questionário de saúde do paciente foi aplicado para determinar os sintomas depressivos. A Escala de Dificuldades de Forma Curtas na Regulação da Emoção (DERS-SF)-40 avaliou a capacidade dos indivíduos de regular adequadamente as emoções.

Os participantes responderam ao questionário online, no qual foram apresentadas as séries de 56 memes em ordem aleatória. Usando uma escala de 5 pontos que varia de discordo totalmente (= 1) a concordo (= 5), os participantes relataram até que ponto cada meme foi considerado: positivo; relacionável; engraçado; algo que eles compartilhariam com outras pessoas; e algo que faria uma pessoa com depressão se sentir bem. Além disso, os participantes indicaram categoricamente se cada meme era percebido como mais relacionado à ansiedade, depressão ou nenhum dos dois.

Os resultados indicaram que o grupo controle e o grupo com depressão apresentaram diferentes respostas quando expostos aos mesmos memes de Internet.

A percepção de humor, relacionamento, capacidade de compartilhar e melhorar o potencial de memes depressivos, eram todos maiores entre indivíduos com sintomas de depressão em relação aos controles não deprimidos.

Os cientistas sugerem que o engajamento com memes de Internet relacionados à depressão pode ser benéfico para indivíduos com sintomas depressivos. Especialmente, facilitando uma visão bem-humorada de uma experiência e situação negativas; a percepção de apoio de colegas por meio de afiliação com outras pessoas que experimentam sintomas semelhantes; estratégias adaptativas de regulação emocional entre aqueles com déficits na capacidade de implantar tais estratégias.

Referência

  • Akram, U., Drabble, J., Cau, G. et al. Exploratory study on the role of emotion regulation in perceived valence, humour, and beneficial use of depressive internet memes in depression. Sci Rep 10, 899 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-57953-4
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br