Um grupo de pesquisadores dos EUA, do Brasil e do Reino Unido publicaram no periódico Biodiversity and Conservation um artigo sobre como a construção de barragens e hidrelétricas na Amazônia impacta a diversidade aquática e terrestre. Eles alertam para o fato das bacias hidrográficas da Amazônia e do Tocantins representaram 6% do potencial hidrelétrico global e que os noves países que compõe o bioma amazônico já construíram 191 barragens e pretendem desenvolver mais 264 barragens adicionais.
O artigo diz que “A Amazônia ultimamente tornou-se sinônimo de desenvolvimento de barragem” por conta de toda a água drenada pelos 6,8 milhões de quilômetros de bacia que corresponde a 18% dos rios mundiais. Atualmente, estão em construção a usina de Guri da Venezuela, com capacidade de 10.325 megawatts (MW) e a de Belo Monte, no Xingu, com a capacidade de 11.233 MW.
Segundo o trabalho, a diversidade de peixes beta foi afetada por conta de barragens que influenciaram no transporte de sedimentos e favoreceu espécies aquáticas invasoras. Além disso, as regras operacionais para se instalar uma barragem não levam em consideração as necessidades ecológicas dos ecossistemas, reduzindo muito os ciclos naturais e mascarando ou eliminando as condições ambientais necessárias para o início da desova de peixes .
Os nichos de muitas espécies de peixes são constantemente removidos por conta da construção de barragens; as hidrelétricas aumentam a extensão dos ambientes de água doce, mas estes novos ambientes são de péssima qualidade para os organismos aquáticos. A Ciência desconhece cerca de 30 a 40% da fauna total de água doce neotropical e grande parte dessa fauna pode desaparecer antes que tenhamos consciência de sua existência.
“O Brasil tem melhores opções de geração de energia e dispõe de um enorme potencial em outras fontes renováveis, como a eólica e a solar”, diz Phillip Fearnside, um dos autores do artigo e pesquisador do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA). Os autores também argumentam que a construção de grandes usinas em partes baixas dos grandes afluentes podem ser evitadas através da construção de usinas menores em trechos intermediários dos rios.
A diversificação da matriz energética brasileira e dos países vizinhos da Amazônia reduz a dependência de hidrelétricas, reduz perdas de energia e moderniza ou repotencializa as usinas antigas.
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