Por Victor Tangermann
Publicado no Futurism
Em abril do ano passado, a equipe internacional de cientistas que opera o Event Horizon Telescope (EHT), uma rede de oito telescópios de todo o mundo, revelou a primeira imagem de um buraco negro.
Agora, uma equipe de pesquisadores do Centro de Astrofísica de Harvard demonstrou uma série de cálculos, conforme detalhado em um artigo publicado na revista Science Advances ontem, que prevê uma estrutura interna intrincada nas imagens de buracos negros causada por uma extrema curvatura da luz gravitacional.
A nova pesquisa, dizem eles, pode levar a imagens muito mais nítidas quando comparadas às embaçadas que vimos até agora.
“Com a imagem atual do EHT, vislumbramos só uma parte da complexidade possível de captar em uma imagem de qualquer buraco negro”, disse Michael Johnson, professor do Center de Astrofísica, em comunicado.
A imagem do EHT foi capaz de capturar a “esfera de fótons” ou o “anel de fótons” do buraco negro, uma região em torno de um buraco negro onde a gravidade é tão avassaladora que força os fótons a deslocarem em órbitas.
No entanto, eles perceberam que há ainda mais coisa na imagem.
“A imagem de um buraco negro na verdade contém uma série aninhada desses anéis”, disse Johnson. “Cada anel sucessivo tem aproximadamente o mesmo diâmetro, mas se torna cada vez mais nítido porque sua luz orbitou o buraco negro diversas vezes antes de chegar ao observador.”
Até o ano passado, essa estrutura interna de buracos negros permanecia cercada de mistérios.
“Como teórico, tenho o prazer de finalmente reunir dados reais sobre esses objetos nos quais teorizamos de forma abstrata por tanto tempo”, disse Alex Lupsasca, da Harvard Society of Fellows, em comunicado.
Essas subestruturas recém-descobertas podem permitir imagens ainda mais nítidas no futuro. “O que realmente nos surpreendeu foi que, embora as subestruturas aninhadas sejam quase imperceptíveis a olho nu nas imagens – mesmo no caso de imagens perfeitas -, elas são sinais fortes e claros para um conjuntos de telescópios chamados interferômetros”, acrescentou Johnson.
“Embora a captura de imagens de buracos negros normalmente exija muitos telescópios distribuídos, as subestruturas são perfeitas para estudar usando apenas dois telescópios muito distantes um do outro”, disse Johnson. “Adicionar um telescópio espacial ao EHT seria suficiente.”
Pode haver outras maneiras também. Em novembro, uma equipe de astrônomos holandeses sugeriu o envio de dois a três satélites equipados com tecnologia de imagem de rádio para observar buracos negros com cinco vezes a nitidez do último experimento.