Pular para o conteúdo

Pistas secretas na tumba de Tutancâmon reacendem a ideia de que Nefertiti está escondida perto

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

Este ano marca o aniversário de 100 anos da descoberta da tumba de Tutancâmon e, mesmo depois de todo esse tempo, o famoso local de sepultamento ainda está revelando seus segredos e gerando polêmica.

Um renomado egiptólogo britânico e ex-curador do Museu Britânico afirma ter encontrado evidências de que os murais e hieróglifos reais da tumba podem ter sido um encobrimento apressado.

Nicholas Reeves argumentou há anos que a pintura de Tutancâmon na parede de sua tumba não é realmente do próprio faraó. As linhas ao redor da boca são frequentemente vistas em pinturas de sua antecessora, Nefertiti.

Reeves, portanto, acha que antes das imagens nas paredes retratarem o enterro de um homem de 19 anos, elas podem ter mostrado Tutancâmon enterrando sua madrasta, Nefertiti, cuja múmia nunca foi encontrada.

De acordo com uma nova entrevista com Reeves, os hieróglifos ovais acima dessas representações, conhecidos como cartuchos, parecem ter sido reescritos, mudando a identidade dos envolvidos na cerimônia de enterro.

Historicamente, os pesquisadores pensaram que o mural da cerimônia de ‘abertura da boca’ (abaixo), retratava o corpo de Tutancâmon sendo preparado para o enterro por seu sucessor,.

Mural na tumba de Tutancâmon, originalmente pensado para representar Aí (direita) na abertura de boca de Tutancâmon (esquerda). (Céditos: Artista Egípcio Antigo Desconhecido/Domínio Público)

Mas Reeves diz que as feições de Aí, incluindo seu queixo rechonchudo e nariz arrebitado, lembram mais um jovem Tutancâmon.

“A inspeção minuciosa dos cartuchos de Aí revela traços claros e subjacentes de um nome anterior – o de Tutancâmon”, disse Reeves ao The Guardian.

“Em sua versão original, esta cena mostrava Tutancâmon realizando o ritual funerário para a dona original da tumba, sua antecessora imediata… Nefertiti.”

De acordo com Reeves, é perfeitamente possível que a tumba de Tutancâmon tenha sido construída no que era originalmente a tumba de Nefertiti, após a morte inesperada do jovem rei.

Se Reeves estiver certo, isso adiciona peso à teoria de que Nefertiti pode estar enterrada por perto.

Na verdade, Reeves vem argumentando há anos que a tumba de Tutancâmon é mais adequada para uma rainha do que para um rei.

Em primeiro lugar, a tumba é extraordinariamente pequena – a menor de todas as tumbas reais do Vale dos Reis. Os tesouros encontrados dentro também são, de acordo com Reeves, de natureza ‘feminina’.

Além disso, a planta é distorcida em relação a outros túmulos, e os murais parecem ter sido montados às pressas, com sinais de que a pintura ainda não havia secado quando foi selada.

Tudo isso junto sugere que o enterro foi um caso apressado, e isso faz sentido, já que Tutancâmon ainda estava no final da adolescência quando morreu.

Talvez a morte inesperada do faraó tenha exigido alguma improvisação daqueles que viveram há mais de 3.000 anos. O local de sepultamento originalmente destinado a Tutancâmon pode não ter sido concluído ainda e pode ter sido usado para seu sucessor, Aí.

Em 2015, pesquisadores que trabalhavam na tumba de Tutancâmon encontraram algumas características na parede, quase imperceptíveis ao olho humano, que pareciam indicar a presença de uma câmara escondida e selada nas proximidades.

Reeves juntou essas linhas de evidência e argumentou que o corpo de Nefertiti está em uma dessas câmaras.

Outros, como o ministro de antiguidades do Egito, Mamduh al-Damaty, discordam.

Eles argumentam que, se existirem câmaras ocultas, o que ainda é muito debatido, elas podem conter o corpo da provável mãe biológica de Tutancâmon, e não o de Nefertiti.

Em 2018, a varredura de radar da tumba de Tutancâmon não mostrou sinais de câmaras de conexão. Mas então, em 2020, outra varredura do local sugeriu que pode haver um recinto secreto nas proximidades.

Só há uma maneira de saber com certeza. Mas dada a natureza inestimável deste local, derrubar um monte de paredes não é exatamente uma proposta bem recebida.

Por enquanto, a teoria de Reeves continua sendo especulação.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.