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Por que devemos defender o Iluminismo?

Traduzido por Felipe Ramos e revisado por Julio Batista

Definir o Iluminismo, em tempo, espaço e substância se provou desafiador. Mas existem acordos sobre certas ideias que se originaram ou amadureceram durante este período, sobre liberdade política e econômica, igualdade social e o valor da ciência, como foi descrito por Avi Lifschitz na edição de 2013 de History Today. Tais ideias moldaram a História em várias maneiras, como forças potentes, fazendo do Iluminismo não apenas um “trabalho em andamento”, mas também uma fonte para o mundo moderno.

Adam Smith estabeleceu as fundações para economia moderna e fazendo isso, enfatizou a necessidade de expandir a liberdade que faltava em seu tempo. Ele demonstrou como indivíduos livres para escolhas criam maior prosperidade do que sobre o domínio de interesses egoístas da elite. Smith argumentou que a indústria — e não a agricultura — trouxe riquezas e que governos deveriam fornecer educação para seu povo, restringir a ganância dos ricos e construir uma infraestrutura para avançar atividades econômicas. A prosperidade iria mirrar se indivíduos fossem presos a um sistema autocrático, comandado por uma igreja ou um grupo de tradições.

Que Smith inspiraram aqueles que construíram a primeira democracia moderna não é nenhuma surpresa. Por sua vez, fundadores da América tiveram de inventar muitas inovações e usaram a filosofia do Iluminismo como guia. Dois pensadores excepcionais, Thomas Jefferson e Alexander Hamilton foram responsáveis por visões da América que ajudaram a estabelecer princípios de um governo democrático que permaneceu em conflito desde então.  Jefferson favoreceu a desconfiança do poder, um fraco governo central, pequeno exército e “complicadas alianças com ninguém”. Hamilton abraçou o poder do Estado como meio de proteger a liberdade e adotar uma nação moderna e industrial, pois “liberdade sem prosperidade é uma mera palavra. ”

Na imediata consequência do Iluminismo, as ideias cientificas de Charles Darwin começaram a se alterar para formar conceitos modernos sobre a vida e sua história, conceitos que depois expandiram em quase todos domínios de atividades intelectuais concebíveis.  Através de sua teoria da evolução, que deu uma profunda, secular história a toda a vida, Darwin redefiniu o universo orgânico e o lugar dos seres humanos nele, enquanto radicalmente enfraquecia a autoridade explanatória da religião e, com isso, armando um conflito que hoje se encontra mais feroz que nunca.

Ideias iluministas enfrentaram resistência desde o começo. Por um tempo, isso era causado principalmente por motivos religiosos, e ainda é o caso entre conservadores cristãos e muçulmanos, particularmente sobre evolução Darwiniana. A rejeição da democracia originalmente vinha de aristocracias hereditárias e monarquias mas, mais tarde, a reação veio em forma de nacionalismo populista extremo, que negava direitos individuais, pensamento livre e mercados a favor de aristocracia carismática (fascismo).  Devemos reconhecer que esse tipo de reação tem continuado até o presente, como é aparente na Rússia de Putin, na China moderna e em um número de regimes na Ásia Central, África e outros. Ataques ao liberalismo como um sistema que só produz sociedades fracas e alienadas não são difíceis de achar hoje em dia.

Mas o Iluminismo foi também uma fonte de reações ardentes. Parte por causa da hipocrisia do ocidental, como a escravidão na América, o colonialismo e sua negação de direitos a grandes partes do globo ou exterminação de sociedades indígenas por Europeus. A má utilização das ideias de Darwin para promover eugenia, apropriada pelos nazistas a terríveis efeitos, foi outro exemplo notório. Portanto devemos reconhecer a complexidade histórica e partes escuras do legado iluminista, assim como reconhecemos sua incalculável importância.

Felizmente, o mais positivo dos lados provou ser forte suficiente para sobreviver e expandir em um sentido global. Porém, também é verdade que este lado permanece sobre ataque de um conjunto de forças, incluindo movimentos jihadistas radicais e a medrosa rejeição de imigrantes e de uma sociedade aberta em várias nações ocidentais.

O Iluminismo tem de ser visto como muito mais do que um assunto acadêmico. Existem motivos poderosos para se ensinar e estudar seu desenvolvimento e ideias, pois estes são necessários a qualquer entendimento dos séculos 19, 20 e 21. O que importa mais para a história do Iluminismo hoje não é sua definição, mas sim sua sobrevivência.

Scott L. Montgomery e Daniel Chirot, da Henry M. Jackson School of International Studies, Universitdade de Washington, autores de The Shape of the New (Princeton UP, 2015).

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.