Pular para o conteúdo

Por que nunca detectamos alienígenas? Cientista propõe uma nova explicação

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

Até onde sabemos, os humanos nunca foram contatados por alienígenas das profundezas do espaço. No entanto, estatisticamente falando, não deveríamos estar sozinhos.

Como um desiludido amoroso rejeitado, tentamos desesperadamente descobrir por que ninguém nos contatou, inventando uma desculpa possível após a outra.

Um pesquisador do Laboratório de Biofísica Estatística da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, apresentou agora mais uma explicação para o silêncio dos sinais de rádio, inspirada em uma humilde esponja.

“Estamos procurando há apenas 60 anos”, disse o biofísico Claudio Grimaldi. “A Terra pode simplesmente estar em uma bolha que por acaso é desprovida de ondas de rádio emitidas pela vida extraterrestre”.

Resumindo, há muito espaço para pesquisar e provavelmente não há transmissões alienígenas suficientes em nosso caminho. Isso é baseado em um modelo estatístico usado anteriormente para estudar materiais porosos como esponjas – só que em vez de poros dentro de um material, foi implantado para avaliar a distribuição de emissores de sinais extraterrestres que podem ou não estar em algum lugar do espaço.

A mensagem é permanecer paciente. A busca por vestígios de comunicações no Universo requer tempo, esforço e dinheiro, e há algum debate sobre se a busca por inteligência extraterrestre (SETI) vale ou não a pena.

O modelo de pesquisa começa com a suposição de que há pelo menos um sinal eletromagnético de origem tecnológica na Via Láctea a qualquer momento e que a Terra está em uma bolha silenciosa (ou poro de esponja) há pelo menos seis décadas, se não mais.

Se for esse o caso, então, estatisticamente, há menos de 1 a 5 emissões eletromagnéticas por século em qualquer lugar da nossa galáxia. Em outras palavras, elas são tão comuns quanto as supernovas na Via Láctea – portanto, não muito comuns.

Em avaliações como essa que envolvem probabilidade, muitas vezes há suposições que podem ser manipuladas. É possível ajustar os fatores para ficar um pouco mais otimista (ou pessimista), melhorando a probabilidade de captar um sinal no futuro.

A Terra pode estar em um bolsão de silêncio de rádio. camada entrando (incoming shell), camada saindo (outgoing shell), emissor (emitter) e Terra (Earth). (Créditos: Grimaldi, Astronomical Journal, 2023)

Indo pelo cenário mais otimista, com as condições estabelecidas acima, Grimaldi diz que pode levar pelo menos 60 anos até que sejamos atingidos por uma transmissão alienígena. No cenário menos otimista, teríamos uma espera de mais de 2.000 anos. Em ambos os casos, precisaríamos ter um radiotelescópio apontado na direção certa.

“Talvez não tenhamos tido sorte ao descobrirmos como usar radiotelescópios no momento em que cruzávamos uma porção do espaço na qual os sinais eletromagnéticos de outras civilizações estavam ausentes”, disse Grimaldi.

“Para mim, essa hipótese parece menos extrema do que supor que somos constantemente bombardeados por sinais de todos os lados, mas, por algum motivo, somos incapazes de detectá-los.”

À medida que os instrumentos que usamos para investigar o espaço continuam a ficar cada vez melhores, descobrimos cada vez mais planetas que podem ter as condições certas para a existência de vida neles – e isso significa uma chance maior de que a vida alienígena esteja tentando entrar em contato.

Ainda temos muito espaço para cobrir na pesquisa, e é por isso que a modelagem é tão importante para descobrir onde procurar. Se uma civilização alienígena se desenvolveu, por exemplo, ela pode estar agrupada em torno de um grupo de planetas e não se espalhar uniformemente como a análise neste estudo assumiu.

Grimaldi sugere que o melhor caminho a seguir são as investigações comensais: procurar sinais em dados coletados por telescópios focados em outras missões, em vez de usar telescópios especificamente para procurar comunicações alienígenas.

“A melhor estratégia pode ser adotar a abordagem anterior da comunidade SETI de usar dados de outros estudos astrofísicos – detectar emissões de rádio de outras estrelas ou galáxias – para ver se eles contêm algum sinal técnico e tornar isso a prática padrão”, disse Grimaldi.

A pesquisa foi publicada no The Astronomical Journal.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.