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Pouca gordura visceral e maior massa de gordura total têm relação com melhor funcionamento do cérebro

A literatura científica demonstrou que a obesidade aumenta o risco de declínio cognitivo e demência, além de facilitar as chances da pessoa desenvolver Alzheimer.

Pesquisadores da Universidade de Granada investigaram a relação de diferentes compartimentos de gordura corporal (gordura total) e (gordura visceral) separadamente – com a conectividade do cérebro inteiro. O estudo foi publicado na Scientific Reports.

Participaram do estudo 23 pilotos de helicópteros militares da Força Aérea do Exército Espanhol (FAMET), todos tiveram uma verificação recente de boa saúde e estava livre de medicamentos.

A análise da conectividade cerebral foi realizada por meio de ressonância magnética e a composição corporal foi avaliada por meio do equipamento de densitometria de composição corporal.

Os resultados mostraram que enquanto a porcentagem de gordura visceral teve correlação negativa com a conectividade cerebral, a porcentagem de gordura total teve correlação positiva com a conectividade cerebral.

Existem evidências sugerindo que a adiposidade e a obesidade estão associadas à conectividade funcional alterada em diferentes regiões do cérebro. Na população com peso dentro dos padrões de normalidade fisiológica, tem sido relatada que uma maior concentração de gordura visceral está associado à menor conectividade funcional do cérebro. Além disso, parece que várias medidas múltiplas da microestrutura cerebral pioram conforme a adiposidade aumenta. Por exemplo, medidas antropométricas e corticais da gordura visceral com base na espessura tiveram uma associação inversa significativa com o volume total do cérebro em indivíduos de meia idade.

No geral, esses achados são um tanto inesperados, uma vez que as associações de gordura total e visceral com a conectividade cerebral demonstram direções opostas. Uma possível explicação para esse resultado pode depender das diferentes funções metabólicas e endócrinas associadas a diferentes compartimentos de gordura. A distribuição de gordura corporal é crucial para entender os efeitos adversos da obesidade

Em conclusão, os dados da pesquisa apontam que a gordura visceral não faz bem ao cérebro, ao passo que a gordura total não faz mal ao cérebro.

Referência

  • Cárdenas, D., Madinabeitia, I., Vera, J. et al. Better brain connectivity is associated with higher total fat mass and lower visceral adipose tissue in military pilots. Sci Rep 10, 610 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-019-57345-3
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br