Traduzido por Julio Batista
Original de Alan Boyle para a Universe Today
Enquanto se dirige para a Lua, a cápsula espacial Orion da NASA está enviando de volta registros da Terra que evocam as fotos do “pálido ponto azul” tiradas pelos astronautas da Apollo cinco décadas antes.
Desta vez, o fotógrafo é basicamente um robô, embutido no sistema de câmera para a missão Artemis 1 recém-lançada.
A odisseia ao redor da Lua teve um início espetacular essa semana com o primeiro lançamento do Sistema de Lançamento Espacial da NASA e, nos próximos 25 dias, deve abrir caminho para futuras viagens tripuladas à superfície lunar.
Horas após a decolagem, uma câmera montada em um dos quatro painéis solares da Orion girou para capturar uma visão do módulo de serviço construído na Europa em primeiro plano – com nosso planeta semi-sombreado contra o fundo preto do espaço.
“Orion olhando para a Terra enquanto ela viaja em direção à Lua, a 92.000 quilômetros de distância do lugar que chamamos de lar”, entoou Sandra Jones, da NASA, quando as imagens saíram.
O principal objetivo das 16 câmeras da Orion é monitorar o desempenho dos componentes da cápsula desde o lançamento até a aterrissagem, por dentro e por fora.
As quatro câmeras do painel solar também podem tirar fotos da Terra, além de fotos da Lua à medida que o Orion se aproxima.
“Muitas pessoas têm uma impressão do ‘nascer da Terra’ baseada na clássica foto da Apollo 8”, disse David Melendrez, líder de integração de imagens do Programa Orion no Centro Espacial Johnson da NASA, em uma cartilha online sobre o sistema de câmeras.
“As imagens capturadas durante a missão serão diferentes do que a humanidade viu durante as missões Apollo, mas capturar eventos marcantes como o nascer da Terra, a distância mais longínqua de Orion da Terra e o sobrevoo lunar serão uma alta prioridade”.
“Timelapse da Orion da NASA enquanto Artemis I viaja para a Lua. Orion está programada para fazer sua maior aproximação da vizinhança da Lua em 21 de novembro.” (Créditos: NASA’s Johnson Space Center @NASA_Johnson/Twitter)
Tirar selfies com a Terra não foi a única coisa que Orion e a equipe do Artemis 1 fizeram nas primeiras 24 horas da missão: 10 satélites do tamanho de uma caixa de sapatos foram implantados no estágio superior do Sistema de Lançamento Espacial após a introdução translunar.
Um dos CubeSats, o Lunar IceCube, procurará sinais de gelo de água na Lua. Outro satélite, LunIR, vai tirar fotos da superfície lunar para caracterizar o ambiente térmico da Lua.
O satélite japonês Omotenashi tentará fazer uma aterrissagem “semi-rígida”, mas passível de sobrevivência, na Lua, enquanto o NEA Scout da NASA foi construído para abrir uma vela solar e voar para longe para estudar um asteroide próximo à Terra.
Nas próximas semanas, a equipe Artemis 1 monitorará o desempenho do Orion, como um teste para uma missão tripulada ao redor da Lua programada para 2024 e um pouso lunar tripulado provisoriamente marcado para 2025.
Três manequins estão sentados nos assentos do Orion, conectados com sensores para coletar dados sobre exposição à radiação e outros aspectos do ambiente espacial.
O próximo grande marco da missão ocorre em 21 de novembro, quando Orion deve fazer sua aproximação mais próxima da Lua – passando a uma altitude de cerca de 96,5 quilômetros.
A espaçonave disparará seu motor principal e aproveitará o campo gravitacional da Lua para manobrar em uma órbita circular que se estende por até 64.500 km/h.
O teste decisivo de Orion acontecerá quando ela voltar para a Terra e reentrar na atmosfera a uma velocidade de 40.000 km/h.
O escudo térmico foi construído para suportar temperaturas de até 2.800 graus Celsius, mas a descida da Orion para um mergulho no Oceano Pacífico em 11 de dezembro marcará a primeira vez que o escudo térmico será submetido a um teste no mundo real.
O Artemis 1 está em construção há anos, e o programa multibilionário recebeu sua parcela de críticas. Diz-se que só esta missão custou mais de US$ 4 bilhões.
Mas o lançamento bem-sucedido de hoje trouxe apenas elogios da Casa Branca: